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quarta-feira, 3 de março de 2010

Mulheres de luta (3). PAGU

Escritora, jornalista e militante comunista, Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida como Pagu, teve grande destaque no movimento modernista iniciado em 1922.

Aos 18 anos, mal completara o Curso na Escola Normal da Capital, em São Paulo , Pagu já estava integrada ao movimento antropofágico, de cunho modernista, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Passa a ser então considerada a musa do movimento.

Em 1930, um escândalo para a sociedade conservadora de então: Oswald separa-se de Tarsila e casa-se com Pagu. No mesmo ano, nasce Rudá de Andrade, segundo filho de Oswald e primeiro de Pagu. Os dois se tornam militantes do Partido Comunista.

Ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos, Pagu é presa. Era a primeira de uma série de 23 prisões, ao longo da vida. Logo depois de ser solta (1933) partiu para uma viagem pelo mundo, deixando no Brasil o marido Oswald e seu filho. No mesmo ano, publica o romance Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo.

Em 1935 é presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, e é repatriada para o Brasil;. Separa-se definitivamente de Oswald, retoma a atividade jornalística, mas é novamente presa e torturada, ficando na cadeia por 5 anos.

Ao sair da prisão, em 1940, rompe com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. Integra a redação de A Vanguarda Socialista junto com seu marido Geraldo Ferraz, o crítico de arte Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo Moniz. Do casamento com Geraldo Ferraz, nasce seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, em 18 de junho de 1941.

Em 1952 frequenta a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos. Ligada ao teatro de vanguarda apresenta a sua tradução de A Cantora Careca de Ionesno. Traduziu e dirigiu Fando e Liz de Arrabal, numa montagem amadora onde estreava um jovem artista Plínio Marcos.

É conhecida como grande animadora cultural em Santos, onde passa a residir. Dedica-se em especial ao teatro, particularmente no incentivo a grupos amadores. Lança novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com Geraldo Ferraz, em 1945. E em 1950, tenta, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual.

Ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida de um câncer. Viaja então a Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Decepcionada, Patrícia tenta suicídio, o que não se consuma. Sobre o episódio, ela escreveu no panfleto "Verdade e Liberdade": "Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas". Volta ao Brasil e morre em 12 de dezembro de 1962, em decorrência da doença.

Ainda Pagu – O apelido Pagu surgiu de um erro do poeta modernista Raul Bopp, autor de Cobra Norato. Bopp inventou o apelido, ao dedicar-lhe um poema, porque imaginou que seu nome fosse Patrícia Goulart e por isso fez uma brincadeira com as primeiras sílabas do nome.

Em viagem à China, Pagu obteve as primeiras sementes de soja que foram introduzidas no Brasil.

Em 2004 a memória de Pagu foi salva pela catadora de rua Selma Morgana Sarti, em Santos. A catadora encontrou jogados no lixo fotos e documentos originais da escritora e do jornalista Geraldo Ferraz, seu último companheiro. Entre os achados, estava uma foto de Pagu, com dedicatória para Geraldo.

Pagu publicou os romances Parque Industrial (edição da autora, 1933), sob o pseudônimo Mara Lobo, considerado o primeiro romance proletário brasileiro, e A Famosa Revista (Americ-Edit, 1945), em colaboração com Geraldo Ferraz. Parque Industrial foi publicado nos Estados Unidos em tradução de Kenneth David Jackson em 1994 pela Editora da University of Nebraska Press.

Escreveu também contos policiais, sob o pseudônimo King Shelter, publicados originalmente na revista Detective, dirigida pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, e depois reunidos em Safra Macabra (Livraria José Olympio Editora, 1998).

No trabalho de Pagu junto a grupos teatrais, revelou e traduziu grandes autores até então inéditos no Brasil como James Joyce, Eugène Ionesco, Arrabal e Octavio Paz.

4 comentários:

Lafayette disse...

E Rita Lee é que está certa:

"Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem

Nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem..."

(em PAGU, composição: Rita Lee e Zélia Duncan)

Yo Neris disse...

Olá!
Eu estava escrevendo um post sobre o Dia Internacional da Mulher(amanhã) e fazendo uma busca por PAGU, acabei encontrando o seu blog.
Gostei e fiquei
ABRAÇOS
Yoyo

Blog Ana Júlia disse...

Lafa e Yoyo,

bom dia pra nós e voltem mais vezes. Um Feliz Dioa Internacional da Mulher, com muita celebração da vida, das lutas e das conquistas.

Beijo no coração,

Patrícia Alves disse...

Fã de Pagu, me encantei pela história de vida que você descreveu mito bem...
Pagu é sinônima de superação, conquistas, verdades ícone de verdadeira mulher.
Passo sempre por seus blog e gosto muito de seus posts...
beijos