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terça-feira, 30 de abril de 2013

Desgoverno: Ophir Loyolla tem fila de 400 pacientes

Em reportagem na edição de hoje, o jornal Diário do Pará revela o sofrimento de quem aguarda pelo tratamento para o câncer no Hospital Ophir Loyolla. Existe hoje uma fila com mais de 400 pacientes esperando pelo atendimento,  que pode demorar mais de um ano. Segundo a promotora Suely Cruz, a demora na conclusão das obras e no agendamento de consultas e exames é a responsável pelo caos. Ou seja, a culpa é da gestão.

A direção do Hospital, respaldada pelo "desgoverno", afirma em nota que a culpa pelas filas é do Ministério Público. Segundo a nota, o excesso de pacientes que procuram a justiça para garantir seus direitos inviabiliza o atendimento. É o cachorro mordendo a pulga. Triste, muito triste mesmo! Clique na imagem para ler.

É hoje! Assista as inserções do Partido dos Trabalhadores

Começam a circular no dia de hoje as inserções nacionais da propaganda partidária do Partido dos Trabalhadores. Caso você não vá estar em frente à televisão, assista aqui no blog.











Eleições Sindicais Bancários 2013: Candidata da Chapa 2 agride presidenta da Comissão Apuradora

Feliz com minha categoria que demonstra querer ver o nosso Sindicato no rumo da luta e da melhoria da qualidade de vida para os bancários e vai dando vitória à Chapa 1. Mas ao mesmo tempo fico triste de ver atitudes antidemocráticas e agressivas contra os trabalhadores bancários vindo de gente que não aceita a derrota! Mas a luta continua!!

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Do site do Sindicato dos Bancários

Cenas lamentáveis de agressão no 4º dia de apuração dos votos da eleição do Sindicato dos Bancários do Pará. A candidata da Chapa 2, Andréa Amaral, agrediu fisicamente a presidenta da Comissão Apuradora, Rosane Silva. O motivo: a candidata estava filmando, sem autorização da comissão eleitoral ou da comissão apuradora, o processo de apuração. Ao ser alertada de que não poderia realizar filmagem, a candidata apelou para agressão.





O Sindicato dos Bancários lamenta o fato ocorrido e ressalta que atitudes violentas não contribuem em nada para o fortalecimento dos princípios democráticos da nossa entidade que completa 80 anos de lutas em defesa da classe trabalhadora nesse ano. Esperamos que a apuração possa seguir com tranquilidade e transparência como vinha ocorrendo antes desse fato.

Reforçamos também que os bancários e bancárias filiadas ao Sindicato podem acompanhar todo o processo de apuração, pois este momento é uma assembleia pública da categoria. A fiscalização direta da categoria é fundamental para a garantia da transparência e lisura do processo.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Deputados pedem impeachment de governador


Por Lênia Soares, na Carta Capital

Os deputados do PT e PMDB de Goiás vão protocolar, na terça-feira 30, na Assembleia Legislativa, um pedido de impeachment contra o governador Marconi Perillo (PSDB). O pedido é baseado na reportagem da Carta Capital sobre a rede de espionagem m0ntada no estado.

É o terceiro pedido desde fevereiro de 2012, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo – que resultou na prisão do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Autor do requerimento, o deputado Mauro Rubem (PT) compara o governador goiano ao ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon. “Por muito menos, nos anos 70, Nixon teve que renunciar. Marconi também deve ser cassado.”

Em 1974, Nixon se tornou o único presidente americano da história a renunciar, após a divulgação do escândaço conhecido como Watergate, nome de um edifício em Washington onde foi montado um esquema de espionagem sobre adversários do Partido Democrata.

O documento apresentado no Legislativo goiano tem o mesmo objetivo do que derrubou Nixon em 1974. Conforme mostrou a reportagem de CartaCapital, um esquema de espionagem ilegal envolvendo um hacker, de pseudônimo Mr. Magoo, e dois jornalistas – Luiz Gama e Eni Aquino – foi montado no estado para espionar adversários do governador. Segundo conversas pessoais do casal, o mandante do esquema é o governador Marconi Perillo.

Mauro Rubem pedirá na mesma sessão a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a “grampolândia”. “É uma situação inaceitável. Vamos investigar, porém os documentos apresentados pela reportagem da Carta Capital já são suficientes para provar a prática criminosa de espionagem comandada pelo governo”, acrescenta o petista.

Até o momento, os deputados do PT e do PMDB se manifestaram favoráveis à abertura da CPI. Para a instalação da comissão, são necessárias 15 assinaturas. A bancada oposicionista conta com 16 parlamentares na Casa.

Em abril do ano passado, após CartaCapital noticiar a influência do crime organizado, liderado por Calinhos Cachoeira, no governo de Goiás, dois pedidos de impeachment foram protocolados na Assembleia. Um deles, por estudantes que deram início ao movimento “‘Fora Marconi” e outro, de autoria parlamentar. Ambos foram arquivados, segundo o então presidente da Casa, hoje prefeito de Catalão, Jardel Sebba (PSDB), por falta de provas ou indícios contra o governador.

Até o momento, o presidente da Assembleia, deputado Helder Valin (PSDB), não se manifestou. Ele foi procurado pela reportagem, mas informou, por meio da assessoria, que não tem conhecimento do caso.

Há duas semanas Valin colocou em pauta um pedido de investigação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para investigar Marconi Perillo. O requerimento foi negado pela maioria dos parlamentares, sob orientação do próprio presidente que, antes da votação, disse, em alto e bom tom: “Eu peço para que o deputados, tanto da situação quanto de oposição, votem contra o pedido de investigação, em favor do governador do estado, como é de costume nesta Casa.”

Apesar disso, Mauro Rubem acredita que, por mais que o processo de impeachment não prossiga, devido à necessidade de apoio da maioria parlamentar, é necessário mostrar a indignação dos deputados de oposição e da população. A mesma vontade que colocou Marconi no poder.

domingo, 28 de abril de 2013

A central de grampos de Marconi Perillo

Por Leandro Fortes, na Carta Capital

Mister Magoo, o simpático personagem de desenho animado criado nos Estados Unidos em 1949, é um velhote que se mete em enormes confusões por ser praticamente cego. E aparece aqui neste texto na cota de humor de um enredo de espionagem e ilegalidades de desenhado e comandado de gabinetes do Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás, e sob as ordens do governador Marconi Perillo. “Mister Magoo” é o codinome de um hacker, cuja identidade está prestes a ser desvendada pelo Ministério Público Federal, contratado para operar um rede ilegal de grampos telefônicos, criar perfis falsos na internet e invadir a privacidade de dezenas de adversários e até aliados de Perillo. O contato com o hacker era intermediado por um casal de radialistas de Goiânia, Luiz Gama e Eni Aquino.

Em 2011 e 2012, “Mister Magoo”, dono de uma “visão cibernética” invejável, ao contrário do personagem do desenho, serviu ao esquema com grande eficiência. A partir das encomendas de Gama e Aquino por e-mails e mensagens diretas via Twitter, o hacker montou um fenomenal arquivo de informações retiradas de computadores invadidos e telefones celulares grampeados. Pelos serviços, recebia de R$500,00 a R$47 mil, a depender da complexidade do trabalho e do alvo em questão. O dinheiro saía de duas fontes antes de passar pelas mãos do casal de radialistas, segundo documentos obtidos por CartaCapital. No início, o responsável pelos pagamentos era o jornalista José Luiz Bittencourt, ex-presidente da Agência Goiana de Comunicação. Na fase seguinte, a operação passou a ser de responsabilidade de Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo, atual secretário estadual extraordinário de Articulação Política.



Além da participação do governador e de assessores diretos no esquema de grampo e invasão de perfis na rede mundial de computadores, a troca de mensagens dos radialistas com “Mister Magoo” revela que o governo de Goiás seria utilizado de hackers oriundos de São Paulo e Minas Gerais. O radialista sustenta ainda que parte desse serviço importado chegou ao estado por meio de um contrato firmado com a SMP&B, agência de publicidade que pertenceu a Marcos Valério de Souza, figura central dos escândalos dos “mensalões” do PSDB e do PT.

Em um dos possíveis crimes mais graves, Gama conta a “Mister Magoo” que Bittencourt negociava a compra de dados da Infoseg, a rede nacional de informações de segurança pública de todos os órgãos policiais, de Justiça e de fiscalização do Brasil. Depositária de diversas informações altamente sigilosas, a Infoseg arquiva dados sobre inquéritos policiais, processos, armas de fogo, veículos e mandados de prisão.

Guarda também informações secretas sobre armas do Exército brasileiro e dados da Receita Federal, do Superior Tribunal de Justiça e da Justiça Federal, inclusive aqueles referentes à Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos. A administração do sistema é de responsabilidade da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, mas os dados podem ser acessados por cerca de 80 mil autoridades, sobretudo policiais, cadastradas em todo o País.

Segundo Gama, a base de dados da Infoseg foi oferecida a “Zé Bitte”, apelido de Bittencourt, por R$18 mil. Na parte de cima da mensagem copiada por “Mister Magoo”, em 6 de março de 2012, o hacker anotou: “Estão falando de um programa Infoseg de tempo real. É um dicionário do cidadão brasileiro. Se nasceu e fez sombra, tem nesse programa.” Pelas demais mensagens trocadas entre os dois, não foi possível saber se a negociação chegou a ser realizada ou não. Se houve compra, Perillo pode ter cometido um crime federal gravíssimo, de quebra de sigilo institucional contra a União.

CartaCapital teve acesso a 450 das mensagens trocadas entre os radialistas e o hacker. O material permite dimensionar a forma de operação do esquema. Elas foram entregues pelo próprio “Mister Magoo” ao publicitário Gercyley Batista, vice-presidente do Partido Republicano Progressista de Goiás, diretor de criação da agência de propaganda Canal, de propriedade de Jorcelino Braga e ex-secretário de Fazenda do governo Alcides Rodrigues, um dos maiores desafetos de Perillo no estado.

Batista mantém no Twitter o perfil@Gersyley44, por meio do qual faz muitas e duras críticas ao governador tucano. Por esse motivo, e por ser ligado a Braga, tornou-se um dos principais alvos de Gama e Aquino. Por ordem do casal, “Mister Magoo” foi instado a invadir o computador de Batista e derrubar o perfil do publicitário no Twitter, mais de uma vez. Entre as atribuições do hacker constava a montagem de uma rede de perfis falsos no Twitter, os chamados fakes, a fim de garantir uma claque virtual de apoio a Perillo quando o governador foi depor na CPI do Cachoeira, em 12 de junho de 2012. Ao todo, o hacker criou 92 perfis que infestaram a internet antes, durante e depois do depoimento do Perillo. Na ocasião, o governador tentou explicar o inexplicável: a presença maciça e a influência desmensurada da quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira na administração pública de Goiás.

Na quinta-feira, dia 25, Batista foi à sede do Ministério Público entregar pessoalmente os arquivos repassados por “Mr. Magoo”, além de cópias das mensagens trocadas reservadamente pelo Twitter com o hacker. No depoimento ao procurador Hélio Telho, o publicitário relatou os contatos com “Mr. Magoo”, todos realizados por meio da internet. Segundo Batista, o hacker identificou-se como um estudante de Medicina de 22 anos que alegadamente passou a fazer o serviço para pagar os estudos e auxiliar a mãe doente.

Telho já tinha conhecimento informal da existência do material produzido pelo hacker, mas esperava o depoimento de Batista para iniciar o processo de investigação. Caberá ao procurador organizar as informações e enviá-las à Procuradoria Geral da República, em Brasília, de modo a viabilizar uma denúncia no Superior Tribunal de Justiça, por conta do foro privilegiado de Perillo. O tucano e seus auxiliares envolvidos podem responder por peculato (crime cometido por servidor público), improbidade administrativa e quebra ilegal de sigilos telefônicos e telemáticos.

Segundo Batista, o hacker entrou em contato via mensagem direta do Twitter nos primeiros meses de 2012, aparentemente preocupado com as consequências do serviço sujo. “Cheguei ao nome do senhor porque me pediram, mais uma vez, para fazer serviços, e desta feita contra o senhor e seus chefes, como vou lhe mostrar”, escreveu “Mr. Magoo”, por meio de um perfil falso (@petrastoubas), em 22 de maio de 2012. Logo depois, os dois passaram a trocar e-mails, período em que o hacker teria descrito como eram feitas as encomendas de invasão de perfis e grampos telefônicos a pedido de Gama e Aquino.

O invasor fez questão de se declarar hacker (especialista em invadir sistemas e modificá-los) e não cracker (marginal virtual que rouba dados e senhas para utilizá-los de forma criminosa), o que é desmentido pelas mensagens de Gama e Aquino. “Mr. Magoo” fazia as duas coisas. Ele confessou ter recebido ordens para invadir o computador do publicitário, mas se declarou arrependido. Para provar suas informações, passou a enviar cópias das mensagens trocadas com os radialistas. “Ele queria saber quem estava certo ou errado naquela história toda”, diz Batista.

Na verdade, “Mr. Magoo” decidiu entregar o esquema após descobrir que Gama e Eni atrasavam os pagamentos. E mais: a dupla embolsava parte do dinheiro destinado a ele. O casal, narrou a Batista, cobrava R$12 mil e só repassava R$7 mil ao estudante. Nos primeiros contatos, “Mr. Magoo” tentou vender as informações ao publicitário. Este diz ter recusado. Apesar da negativa, garante o denunciante, o hacker aceitou revelar o esquema para provar não ser um blefe.

“Mr. Magoo”, afirma Batista, pediu para que outros três alvos do esquema fossem avisados. São eles o jornalista Altair Tavares e o administrador Carlos Bueno, funcionários da Rádio 730, e o ex-secretário Jorcelino Braga, antigo proprietário da emissora. Por medida de segurança, e por pavor da turma de Perillo, Batista diz ter apagado os e-mails trocados com Mr. Magoo. Ele pretende, porém, solicitar ao Ministério Público Federal a quebra de sigilo em suas contas no MSN (Microsoft) e Gmail (Google), para provar a existência dos diálogos. O publicitário guardou as mensagens reservadas trocadas pelo Twitter.

Perillo não concedeu entrevista. Preferiu escalar João Furtado, seu chefe de gabinete, para rebater as acusações. Furtado não soube precisar a data, mas garante ter dado ordem para a Polícia Civil investigar a proliferação de perfis falsos nas redes sociais. Infelizmente, o pedido tinha um viés. A polícia supostamente foi escalada para levantar apenas as mensagens negativas contra o tucano. “O governador, na verdade, era vítima desses caluniadores”, afirma. Talvez por causa desse viés, os investigadores, se é que investigaram algo, nunca chegaram a Gama e Aquino, muito menos souberam da existência do hacker. Apesar de garantir o pedido de apuração, Furtado nunca se interessou pelo resultado do trabalho policial.

Segundo o chefe de gabinete, o casal de radialistas responsáveis pelo contato com “Mr. Magoo” não é ligado ao governo de Goiás nem recebeu ordens de Perillo para montar a central ilegal de grampos, embora as mensagens obtidas por esta revista sejam claras quanto à origem das solicitações. “Se o fizeram, foi por conta própria”, afirma. Para Furtado, as referências a Bittencourt e Cardoso não passam de tentativa de “exploração de prestígio”.

Gama e Aquino são apresentadores do programa Papo de Bola na Fonte TV, emissora da Rede Fonte de Comunicação, ligada à Igreja Fonte da Vida, um milionário culto pentecostal fundado e administrado pelo “apóstolo” César Augusto de Sousa. Gama chegou a ser chefe do Departamento de Jornalismo da empresa, mas acabou demitido no ano passado por razões não esclarecidas. Manteve, porém, o espaço terceirizado do programa esportivo apresentado em companhia da mulher. Tanto o “apóstolo” quanto seu filho, o pastor Fábio Sousa, deputado estadual pelo PSDB, foram grampeados por “Mr. Magoo”, segundo consta das mensagens.

Apesar dos reiterados pedidos de entrevista, Sousa preferiu o silêncio. O mesmo fez o casal de radialistas acusados de operar o esquema. Gama achou melhor contra-atacar na internet. No Twitter, declarou-se vítima de “pistoleiros virtuais”.

A seguir, detalhes da central de grampo que não poupou aliados ou subordinados de Perillo.

“O cabra poderoso”

Apesar de manter contato com “Mr. Magoo” desde agosto de 2011, apenas depois da Operação Monte Carlo, operação da Polícia Federal que desbaratou a quadrilha do bicheiro Carlos Cachoeira, Gama e Aquino intensificaram o relacionamento com o hacker. Nas redes sociais, a proximidade entre o governador de Goiás e o contraventor tornara-se assunto recorrente.

O hacker começou a ser sondado para um serviço inicialmente não definido. Em 27 de março, Gama decidiu abrir o jogo. Durante a troca de 28 mensagens entre 12h53 e 16h20, o radialista revelou o nome do verdadeiro chefe do esquema, não sem antes criar um clima de mistério. “Ele”, escreve Gama, queria o hacker no esquema “para sempre”. “O cabra é poderoso”, anota em outra comunicação. A revelação viria às 14h39. “Na verdade, é o governador Marconi Perillo”, informa ao hacker. “Ele precisa de um cara craque assim como você. Ele é muito atacado.”

A partir desse ponto e até a última mensagem, Gama discorre sobre as vantagens de trabalhar para o governo (“arrumar a sua vida”), da necessidade de se manter tudo em segredo (“ele quer sigilo total”), do apoio logístico de primeira (“tudo teta pra você, o que precisar de equipamento, rola”), da segurança das operações (“você será, inclusive, protegido por todo o esquema dele”) e do status social (“fora a moral que você vai ter”). Às 15h46, o radialista, eufórico com o desfecho da negociação, não se contém: “Vem aí… o espião Magooo 007! KKKKKK. Vai ser show!”. Em várias mensagens, Gama insinua a possibilidade de o hacker tornar-se funcionário do governo estadual. Em um texto específico, Aquino chega a mencionar o possível salário: R$15 mil.

Em 14 de abril, a turma de Perillo se mostra preocupada com o movimento Fora Marconi, desencadeado nas redes sociais e, em seguida, transformado em passeatas pelas ruas de Goiânia. O movimento nasceu após reportagem de CartaCapital de 12 dias antes intitulada “O crime no poder”. O texto descrevia em detalhes a influência da quadrilha de Cachoeira no governo de Goiás. “Tem como derrubar o Fora Marconi?”, pergunta o radialista ao hacker. Não tinha. Mr. Magoo escreve, no alto da mensagem, que a tarefa seria impossível, por causa do grande número de servidores, equipamentos de armazenagem de dados, envolvidos.


Em contrapartida, Gama pede ao hacker para dar um jeito de colocar a hashtag #ForçaMarconi nos trend topics, o ranking de mensagens mais vistas do Twitter, em 21 de abril. Caso conseguisse realizar o serviço, “Mr. Magoo” poderia passar no dia seguinte para pegar “trezentinho” com o radialista.

Em 17 de maio, após Perillo anunciar a disposição de depor voluntariamente na CPI do Cachoeira, Gama enviou um pedido especial para “Mr. Magoo”: “Preciso de um cara que monte uma rede de uns 100 perfis no TT (Twitter) e no face (Facebook). R$2 mil por mês de salário”. Segundo o radialista, os perfis serviriam para “falar bem do governo e do governador e quando for preciso atacar os adversários e aqueles que nos atacam”.

A partir de então, foram montados 92 perfis falsos para o dia do depoimento de Perillo na CPI do Cachoeira, em 12 de junho, às 10 horas da manhã. “Preciso que a tag #ForçaMarconi arrebente no Twitter na hora que ele estiver na CPI”, pede Gama em 9 de junho.

Em 11 de junho, dia anterior ao depoimento, Aquino entra em contato com “Mr. Magoo”, via mensagem direta do Twitter. Ela avisa ao hacker que, na manhã seguinte, enviaria as frases a serem usadas nas redes sociais a favor do governador. Às 4h24 do dia 12, Gama envia as tags a serem seguidas no Twitter, a partir de uma hierarquia de tempo: #EuConfioMarconi (antes), #MarconiEsclarece e #VerdadePerillo (durante), e #EuAcreditoMarconi (depois). “Mete bronca com gosto de gás!”, escreve.

O vídeo da “grana alta do Marconi”

Em 8 de maio de 2012, Gama avisa “Mr. Magoo” que o secretário de Educação de Goiás, Thiago Peixoto, foi gravado em vídeo quando recebia “uma grana alta do Marconi”. Ex-deputado estadual pelo PMDB, Peixoto abandonou a legenda de Íris Rezende a convite de Perillo para se candidatar em 2010 a deputado federal pelo recém-criado PSD. Eleito, se licenciou e assumiu a secretaria.

O secretário é citado na Operação Monte Carlo. Segundo a PF, ele teria repassado sigilosamente o modelo das escolas goianas para o grupo de Cachoeira construir prédios iguais e, depois, alugá-los ao estado. O vídeo, diz Gama, “ferra feio” o secretário. O radialista desconfia que a gravação tenha sido feita por encomenda do vereador Elias Vaz, do PSOL de Goiânia, e de Adib Elias, do PMDB, candidato derrotado à prefeitura de Catalão. O vídeo teria sido vendido ao jornal O Popular, de Goiânia.

Vaz, igualmente citado no relatório da Monte Carlo após ser flagrado em conversas com Cachoeira (a quem chama de “companheiro”), nega tudo. Diz não ter conhecimento sobre o tal vídeo e que não tem nenhuma intimidade com Gama. A assessoria do secretário Peixoto, embora contatada pela reportagem, não respondeu aos pedidos de informação.

A rede de pagamentos

Na troca das mensagens fica claro que os pagamentos ao hacker sairiam da Agência de Comunicação estatal sob o comando de José Luiz Bittencourt Filho, órgão irrigado por muitas verbas públicas. Só em 2012, a Agecom gastou cerca de R$150 milhões em compra de espaço publicitário. O hacker recebia o dinheiro de Gama e Aquino. O pagamento era feito normalmente na casa do casal ou na sede da Fonte TV em Goiânia.

Em mensagem de 6 de fevereiro do ano passado, Gama avisa a “Mr. Magoo” o propósito de colocá-lo em contato com “um dos Bittencourt”, e diz ao hacker que “os caras são quentes e gente boa, tudo campeão”. Referia-se a uma turma muito conhecida em Goiás: os quatro irmãos Bittencourt, apelidados pelos adversários de “Irmãos Metralha”.

O Bittencourt citado nas mensagens é o chefe da Agecom. “Eles vão te contratar, um deles é José Luiz Bittencourt. Cara quente!”, avisa. Os outros irmãos são Luiz Bittencourt, ex-deputado federal do PMDB, João Bosco Bittencourt, assessor informal de imprensa de Perillo, e Paulo Tadeu Bittencourt, diretor de Comunicação Social da Assembleia Legislativa.

No dia seguinte, 7 de fevereiro, Gama avisa ao hacker: os pagamentos passam à responsabilidade de Sérgio Cardoso, cunhado de Perillo e secretário de Articulação Política. Cardoso é outro citado na Monte Carlo. Segundo a PF, o secretário intermediou contratos sem licitação para a Delta Construções, empreiteira-mãe da quadrilha de Cachoeira. “Sérgio é meu chegado”, tranquiliza Gama.

Fraudes no Serasa e outros crimes

Gama e Aquino ficaram entusiasmados com a possibilidade de ter um hacker a seu serviço. O primeiro crime cometido para o casal teve caráter particular. Em 15 de setembro de 2011, por meio do e-mail da Fonte TV, Aquino enviou um pedido a “Mr. Magoo”: “Você consegue zerar nome no SPC e Serasa?”. Diante da resposta positiva, a radialista envia, no mesmo dia, o nome a ser “zerado” nos serviços de proteção ao crédito: “Luiz Carlos Alves, CPF 470.794.101-00, RG 8124212 2a Via DGPC – GO”. Detalhe: Luiz Carlos Alves é o verdadeiro nome de Luiz Gama.

Ao longo dos 17 meses de registros de mensagens, o casal encomendou a invasão de mais de duas dezenas de perfis hostis a Perillo, além de solicitar grampos telefônicos nos celulares adversários e naqueles de ao menos dois aliados do governador: o deputado Túlio Isac, do PSDB, e Elaino Garcia, assessor de Perillo e vice-presidente do Partido Humanista da Solidariedade.

Isac, dono do perfil @apostolomarcos1 no Twitter, é chamado de “otário fazendo gracinha” por Gama, por criticar as pretensões eleitorais do pastor Fábio Sousa, da Igreja Fonte da Vida, pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PSDB em 2012.

Gama pede a “Mr. Magoo” para ficar de olho em Garcia, pois, segundo anotou o hacker em mensagem de 11 de abril de 2012, o assessor “estaria estranho” e provavelmente era ligado a alguém que havia pago R$4 mil para bloquear outras linhas telefônicas.

Passados sete meses, descobre-se que até Sousa e o pai, o “apóstolo” César Augusto, eram monitorados, acusados de “puxar o tapete” do casal na Fonte TV. Aquino avisa “Mr. Magoo”, em 14 de novembro: “Mantenha Túlio Isac e Elaino Garcia grampeados”.

A primeira encomenda de grampo foi feita em 23 de janeiro de 2012. O alvo era o ex-prefeito de Goiânia Nion Albernaz, do PSDB. O tucano entrou na mira do esquema pelo fato de, no momento da articulação das pré-candidaturas à prefeitura da capital, ter lançado o nome de Leonardo Vilela, deputado federal da legenda, e não apoiado Souza, da Igreja Fonte da Vida. Sousa não conseguiu se articular e Vilela acabou derrubado por aparecer em interceptações legais da PF, nas quais pede a Cachoeira um emprego para a filha.

O boquirroto

A sensação de poder afetou Gama. Estimulado pelo intenso relacionamento com “Mr. Magoo”, o radialista passou a usar com mais intensidade o esquema para interesses pessoais e a atacar adversários, aliados e personalidades de Goiás.

Em 11 de julho de 2012, ele acusa o deputado Sandro Mabel (PMDB/GO) de ter ficado milionário por meio de empréstimos no BNDES. “Ele adora uma mutreta. KKKKKK!”, diverte-se.

Em seguida, tripudia do bicheiro mais famoso do estado. “Esse Cachoeira é um safado. E uma piranhaça a tal noiva dele [Andressa Mendonça]. KKKKKK, tem grana e [é] bobo”. E faz uma “revelação” conhecida até pelas árvores de pequi de Goiás: “A revista Veja só tinha furos que o Cachoeira dava pra eles”.

Em 25 de julho, mira no secretário de Cultura do estado, Gilvane Felipe. “Ele tem fama de gay, a ex-mulher dele hoje é doente”. Em 3 de novembro, investe contra os poderosos irmãos Bittencourt. Segundo informou a “Mr. Magoo”, os quatro “começaram a plantar mentiras escandalosas” contra ele e a mulher. “Esses Bitencas são os cãos.” Assim mesmo, neste português castiço.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Santa Casa: protesto paralisa atividades

Do Blog do Deputado Edilson Moura

"Não vamos medir esforços para apoiar o movimento do pessoal da área da saúde, que está na luta contra a ameaça de privatização da nova Santa Casa de Misericórdia do Pará.A denuncia foi feita na semana passada pelo Sindicato dos médicos, que hoje faz uma grande manifestação contra o governo estadual.

Segundo a denúncia, o governo do Estado, comandado pelo PSDB, estaria já em fase avançada de negociações com o Cesupa para privatizar o hospital. Médicos denunciaram a estratégia na AGE realizada na semana passada, no auditório do Sindmepa.

Os profissionais que compareceram à Assembleia disseram que negociações neste sentido estão em curso e nenhuma entidade de controle social da área da saúde foi consultada sobre esse projeto. Concordamos com o diretor administrativo do Sindmepa, João Gouveia, que considera uma traição do governo, pois a Santa Casa é patrimônio público e histórico do povo do Pará, que deveria ser consultado sobre planos de transformar a instituição em hospital-escola de um curso de medicina privado. Estamos nessa luta!"

Como eu havia comentado no Facebook, a paralisação de profissionais da Santa Casa de Misericórdia aconteceu na manhã de hoje. O sentimento de todos é de traição, pois é crescente a contratação de servidores temporários, muitos dos quais não trabalham. 

O Governo do Estado se movimenta no sentido de cortar as gratificações e plantões extras, que constituem grande parte dos vencimentos dos profissionais de saúde. Além disso, o atraso na execução das obras e a sinalização de que o espaço será submetido à gestão privada geram uma angústia nestes servidores, o que impacta de imediato na qualidade do atendimento à população, pois trabalhador instisfeito não presta serviço de qualidade. 

Isso é muito triste e representa um RETROCESSO na gestão da saúde pública. Aliás, mais um retrocesso neste DESGOVERNO Jatene.

Desgoverno: Estado tem crédito suspenso no BNDES

Muita enrolação. Ao invés de informar corretamente, anexando o relatórios da AGE, os tucanos preferem ficar fazendo marola, questionando o TCE. Assim não chegarão a lugar algum. Além disso, o problema do empréstimo 366 não é esse. Trata-se principalmente de problemas nas emendas à lei aprovadas pela Alepa. O BNDES informou ao governo quais correções deveriam ter sido feitas, mas Jatene nada fez. Enquanto isso, os paraenses que esperem sentados.

Mas na matéria ninguém respondeu porque o Pará não consegue crédito junto à Caixa e o Banco do Brasil. estranho, não?
  
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Do Diário do Pará

As operações de crédito autorizadas pelo Legislativo estadual na atual administração Simão Jatene (PSDB) já somam quase R$ 2 bilhões. Foram requeridos empréstimos ao BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ontem, o vice-governador Helenilson Pontes (MD) e o secretário de Articulação Municipal, Sérgio Bacury foram explicar aos deputados sobre as obras e serviços para os quais os recursos foram aprovados na Assembleia Legislativa, para o governo realizar as operações de crédito e aplicar na infraestrutura do Estado. Porém, apesar do relatório da tomada de contas especial do Tribunal de Contas do Estado (TCE) ter concluído que não detectou irregularidades na prestação de contas da operação de crédito realizada em 2010 pela então governadora Ana Júlia Carepa (PT), no valor de R$ 366 milhões também para obras de infraestrutura, o vice-governador assegurou aos deputados que “o Estado do Pará está com direito de crédito suspenso no BNDES” por causa de irregularidades nos dados anteriores apresentados pelo governo dela, referentes ao empréstimo de R$ 366 milhões. Deste valor foram liberados em 2010 R$ 275 milhões.

Em março deste ano, o BNDES enviou ofício ao governo Simão Jatene, em que requer nova prestação de contas referente a R$ 250 milhões, já que a instituição considerou regular apenas R$ 22 milhões do valor total, segundo Pontes. Ele distribuiu cópia do ofício assinado pelo gerente de Infraestrutura Social do BNDES, Lincol Brando, em que reconhece o esforço do Estado para regularizar a situação, mas acentua que passados dois anos da liberação dos recursos, a prestação de contas continua em aberto. “Em virtude dessa pendência na prestação de contas das liberações do contrato o BNDES decidiu restringir as liberações de crédito ao Estado do Pará até que a situação seja regularizada”, afirma o ofício.

Em 2012, na atual administração a Auditoria Geral do Estado (AGE) divulgou para a imprensa informações de que havia irregularidades na prestação de contas do empréstimo de R$ 366 milhões e que o governo Ana Júlia Carepa havia apresentado 16 notas fiscais duplicadas, um total de R$ 77 milhões em operações distintas realizadas junto ao BNDES e ao mesmo tempo ao Banco do Brasil.

A equipe de técnicos da ex-governadora negou a duplicação de notas na operação e o TCE realizou tomada de contas especial, concluindo que a medida fora irresponsável, pois a prestação estava regular. Ontem, apesar de estar presente à sessão, o auditor geral, Roberto Amoras, sequer se pronunciou. As informações foram repassadas pelo vice-governador. Ele disse que além de nova prestação de contas, o Estado terá que enviar ao BNDES relatórios de regularização fundiária e licenças ambientais de todas as obras previstas nos projetos. O banco determinou 60 dias desde 19 de março para o Estado regularizar os dados e repassar à instituição.

Os deputados do PT Carlos Bordalo e Edilson Moura, questionaram por que o governo não enviou ao BNDES o relatório do TCE com a conclusão sobre a prestação de contas. Os parlamentares acreditam que a divulgação de supostas irregularidades não comprovadas deixou o BNDES com temor de realizar nova operação de crédito.

O vice-governador admite que não incluiu o relatório do TCE nos documentos, porque afirma que o BNDES considera que o relatório do TCE não é suficiente para atestar regularidade da aplicação dos R$ 275 milhões. Ele garante que será necessário apresentar todas as despesas de capital que comprovem os gastos dos R$ 275 milhões. Mas, garantiu que nenhuma obra ou serviço foi paralisado e que o governo estadual está aplicando R$ 25 milhões do tesouro estadual para manter os projetos previstos no Plano Plurianual e Lei Orçamentária Anual.

Reeleição: Tucanos criticam proposta de Aécio

Do Brasil 247

O senador mineiro, Aécio Neves, que luta para conquistar unanimidade dentro do próprio partido para se lançar candidato à Presidência em 2014, causou ainda mais divisões entre os tucanos. Aécio, que vai assumir a presidência do PSDB no mês que vem, defendeu a ideia de acabar com a possibilidade de reeleição e estender o mandato de quatro para cinco anos para presidente, governador e prefeito já na próxima eleição.

A proposta vai de encontro com a tese do tutor de sua campanha, o ex-presidente FHC, que aprovou uma emenda para viabilizar sua reeleição em 1997.

Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a sugestão de Aécio foge do foco do partido. "Trata-se de uma proposta lateral, que nada diz em relação ao enfrentamento com o governo. Temos de apresentar proposta para derrotar o PT. Tamanho de mandato e coisas semelhantes são propostas recorrentes aqui no Congresso e não dizem respeito à campanha. Campanha fala de programas, mostra o que está errado", disse à Folha.

Ele é a favor de manter o sistema. "Pessoalmente sou a favor do jeito que está, quatro anos de mandato com reeleição. O eleitor tem o direito de julgar o governante. Se não gostar, muda. Se gostar, reelege."

O ex-líder tucano Arnaldo Madeira (SP) também foi taxativo: "Incrível! Voltamos ao supérfluo. Discutir cinco anos de mandato e coincidência das eleições. O passado nos chama", escreveu ele no seu perfil no Twitter. "Cinco anos de mandato para todos, nos três níveis, significa enrijecer de tal forma o sistema político que só o velho golpe para resolver crises", escreveu ainda.

Fora do partido, Aécio conquistou adeptos a ideia. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, mostrou-se favorável ao fim da reeleição. A reeleição é sem dúvida uma fonte de problemas muito grande na área eleitoral", disse o procurador. Para ele, concorrer no cargo, como estipula a legislação brasileira, causa desequilíbrios.

Segundo a colunista da Folha, Vera Magalhães, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), telefonou ontem para o senador Aécio para apoiar a proposta. Campos prometeu levar a discussão ao partido. Para o pessebista, a mudança, se aprovada agora, deveria valer a partir de 2018.

Enquanto isso, na PA 155 e PA 279


terça-feira, 23 de abril de 2013

É hoje: Eleição do Sindicato dos Bancários! Eu voto chapa 1!!!!

Começa hoje e vai até quinta a eleição para a nova diretoria do Sindicato dos Bancários. Eu, como bancária do Banco do Brasil que sou, apóio a chapa 1, a chapa do sindicato!


Lula recebe prêmio em Nova York por “transformar o significado de paz e prevenção de conflitos”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na noite desta segunda-feira (22) em Nova York o prêmio “Em Busca da Paz”, conferido pelo International Crisis Group. Lula foi homenageado por ter “impulsionado seu país a uma nova era econômica e política”.

O prêmio reconhece o trabalho de Lula em tirar milhões de pessoas da pobreza e construir uma política de parceria com vizinhos e países africanos, o que transformou o Brasil em um “ator mundial crucial”.

Em seu discurso, Lula propôs o combate à fome e à miséria como caminho para transformar o século 21 em uma era de paz. “Combater a fome e a miséria em escala global é o passo mais importante que podemos dar no caminho para a paz. E depois do que conquistamos no Brasil, eu me recuso a duvidar da nossa capacidade de fazer um mundo melhor. Combatendo a fome e a miséria, promovendo o diálogo e o respeito entre os povos, podemos fazer do Século 21 a era da paz”.

O Crisis Gorup trabalha em mais de 60 países na prevenção e solução de conflitos. Seus relatórios e análises são respeitados globalmente por atores que vão de governos à imprensa como documentos de referência sobre crises locais. “Nós acreditamos que para acabar com os conflitos é preciso entendê-los a fundo”, explica Louise Arbour. Entre os convidados do jantar desta segunda em Nova York estavam o megainvestidor e filantropo George Soros, o prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e Mo Ibrahim, empreendedor sudanês que foi o pioneiro da “revolução dos celulares” na África.

Javier Ciurlizza, diretor de programa para América Latina e Caribe do Crisis Group, diz que sem esperança não há paz, e que Lula colocou isso em prática. “Ele defendeu a Unasul, que criou um espaço para as nações conversarem, no lugar de lutar. Ele trabalhou no coração da resolução de conflitos. Ele entende de uma maneira profunda que só erradicando a fome e a exclusão social, dando nova esperança às pessoas, a paz e a segurança são sustentáveis”.

Discurso

O ex-presidente falou durante pouco menos de 25 minutos ( ouça abaixo ) e destacou que o compromisso dos governantes com a democracia e em melhorar a vida das pessoas é um passo fundamental para a paz. E voltou a defender que a crise deve ser combatida com desenvolvimento e distribuição de renda.



Thein Sein

Na noite desta segunda-feira, o presidente de Mianmar, Thein Sein, também foi homenageado. O general Thein Sein iniciou um processo de democratização de uma ditadura militar que já dura meio século. Ele convocou eleições, libertou presos políticos e permitiu que a imprensa privada sem censura prévia voltasse a atuar no país. “Mianmar iniciou um conjunto de reformas notáveis e sem precedentes desde que o governo do presidente Thein Sein assumiu em março de 2011″, disse a presidenta do Crisis Group, Louise Arbour. No entanto, na avaliação do próprio Crisis Group, o país asiático ainda precisa dar seguimento ao processo de liberalização política ocorrido até agora”.

Esta é a oitava edição do prêmio. Entre personalidades que já receberam a homenagem estão os presidentes dos EUA Bill Clinton e George W. Bush; os prêmios Nobel da Paz Martti Ahtisaari e Ellen Johnson Sirleaf, e o financista e filantropo George Soros.

O Crisis Group

Focado na prevenção de conflitos internacionais, o International Crisis Group foi fundado em 1995, com o objetivo de ser uma organização independente de governos e com uma equipe profissional especializada para “atuar como olhos e ouvidos no mundo para impedir conflitos e com um Conselho altamente influente, capaz de mobilizar formuladores de políticas públicas ao redor do planeta”.

Atualmente, a organização emprega mais de 150 pessoas em 10 escritórios regionais, que cobrem cerca de 60 países em situação de risco ou de conflito ativo. O Crisis Group combina a publicação de relatórios e análises técnicas respeitadas internacionalmente, com um Conselho de Administração capaz de mobilizar outros formuladores de políticas públicas ao redor do globo. No conselho estão 10 ex-presidentes (dois deles americanos), um ex-primeiro ministro europeu e um Nobel da Paz, entre outros líderes nos campos da política, diplomacia, negócios e mídia.

(Instituto Lula)

domingo, 21 de abril de 2013

Mário Couto: Senador fanfarrão banca clube com dinheiro público


Do Diário do Pará

Um azeitado esquema de desvio de dinheiro público está sangrando os cofres do Departamento de Trânsito do Estado (Detran), segundo órgão que mais arrecada no Estado e que hoje é controlado com mão de ferro pelo senador Mário Couto (PSDB). O esquema é rentável e bastante simples: pessoas escolhidas a dedo pelo tucano entram na folha de pagamento do órgão e mensalmente repassam tudo ou a maior parte do que recebem para a folha salarial da Associação Atlética Santa Cruz, da localidade de Cuiarana, interior do município de Salinópolis, que tem como patrono e presidente de honra justamente Mário Couto.

O desvio ajuda a entender como o “Mister M” de Cuiarana operou a mágica de transformar um clube inexpressivo do interior paraense numa agremiação com ares de Primeiro Mundo, com estrutura de deixar no chinelo até mesmo clubes tradicionais como Remo e Paysandu. Especula-se que, por baixo, a folha salarial do clube alcance R$ 400 mil por mês. Dirigentes esportivos sempre quiseram saber como se dá o milagre da multiplicação do dinheiro no Santa Cruz. Há pouco mais de três anos e em pleno mandado no Senado, Couto resolveu reformular o pequeno clube de Salinas. Desde então, o dinheiro não para de jorrar. A agremiação, com pouco mais de 15 anos de existência, despertou olhares nos quatro cantos do Estado.

Mas se o patrocínio é pequeno e não há renda decorrente dos jogos, como Couto consegue bancar toda a infraestrutura e ainda arcar com a folha milionária do plantel e comissão técnica do Cuiarana?

Algumas respostas para o mistério foram obtidas pelo DIÁRIO. Jenekelly, esposa do lateral-esquerdo Rayro, do Santa Cruz e ex-Águia de Marabá, conseguiu um cargo no Ciretrans (agência do Detran) de Salinópolis. E fontes que atuam no órgão garantem que grande parte do salário do lateral é pago com os vencimentos que a esposa recebe do órgão estadual. O mesmo esquema beneficiaria o atacante Thiago Floriano, que também tem a esposa Thuana Pícoli Floriano de Souza na folha do Detran. O ex-jogador Daniel também tinha a irmã lotada no Ciretrans de Salinópolis, sendo beneficiário do mesmo esquema enquanto jogou no clube.

As mesmas fontes informaram que Alizabeth Thamires de Souza Cordovil, esposa do volante Mael, foi nomeada a mando do senador tucano diretora da unidade do Detran em Salinópolis. Vivine Freitas Leão, esposa do jogador Balão, também é lotada no mesmo Ciretrans. Pelo menos 18 pessoas lotadas no Ciretrans do município integram o grupo do clube de Mário Couto (ver lista ao lado). Algumas delas sequer residem no Pará, mas em São Paulo. Outras recebem por procuração e uma parte aparece na unidade apenas para assinar a frequência.

DEPÓSITOS

Todos os jogadores e empregados do clube são pagos em dia, mas alguns deles demonstram certo desconforto. É que nas contas bancárias onde recebem os proventos todo mês alguns dos depósitos são feitos a partir de outros Estados como Rio de Janeiro e São Paulo. Ninguém sabe o motivo e nem ousa questionar o mandatário do clube sobre a estranha origem dos recursos depositados.

Depois que o Santa Cruz ficou fora do quadrangular decisivo do returno do Parazão, a questão é saber se o Mister M de Cuiarana continuará a manter a farsa às custas do erário, pagando as mordomias e a folha milionária. Especula-se na região de Cuiarana que não haverá problema, já que Couto continuará, de fato, a comandar o Detran, sua “galinha dos ovos de ouro”.

A atual Rainha da Inglaterra do Detran atende pelo nome de Walter Wanderley de Paula Pena, ilustre desconhecido que veio de Salvaterra, passou pela Colômbia e morava no interior de S. Paulo até ser chamado por Couto para o órgão. A atual mulher de Walter Pena é sua chefe de gabinete e sobrinha de Ana Duboc, mulher de Sérgio Duboc, ex-superintendente do órgão - e que caiu em 2011 em meio ao escândalo de desvio de verbas na AL na gestão de Couto. Hoje foragido, Duboc era diretor financeiro da casa na gestão do tucano e teve mandado de prisão emitido pela Justiça por conta dos escândalos na Assembleia. Roberto Pena, irmão de Walter Pena, é considerado eminência parda dentro do Detran e integrava o staff de Couto quando presidia a Assembleia.

TIME DE ESTRELAS

O patrono tucano de Cuiarana montou um verdadeiro time de estrelas para a disputa do Parazão 2013, trazendo jogadores que atuaram em clubes de primeira linha do futebol brasileiro, como Waldir Papel (que jogou no Ceará e Guarani e foi cobiçado por Remo e Paysandu) e Fumagalli (atacante do Guarani de Campinas) que abandonou o clube no meio do campeonato para vir para o Santa Cruz.

No site www.futeboldointerior.com, foi divulgada uma entrevista de Fumagalli, que chegou a chorar ao se despedir de seu antigo clube. Afirmava que a proposta de Couto era “irrecusável”. Nos meios esportivos comenta-se que o pacotão que trouxe Fumagalli para o Cuiarana teria custado R$ 400 mil por um mês de contrato, transação altíssima para os padrões do futebol brasileiro - e inimaginável na realidade do paraense.

O atacante Ratinho preteriu Remo e Paysandu para fechar com o time de Cuiarana. Também foram atraídos com propostas irrecusáveis o meia Flamel, e o zagueiro Léo Fortunato - que já atuou em Portugal e veio do Cruzeiro, com status de zagueiro de Seleção Brasileira. A média salarial desses jogadores gira em torno de R$ 20 mil mensais. Só a comissão técnica do clube, comandada por Sinomar Naves, receberia R$ 60 mil por mês. O centro de treinamento impressiona: tem piscina, um salão de festas em área anexa ao estádio, além de alojamento, sauna e refeitório. As arquibancadas são rodeadas por alambrados de acrílico, a exemplo do que existe no estádio do Santos (SP) e do Atlético (PR). Jogadores e comissão técnica moram em casas alugadas em Salinas por Couto, muitas delas com piscina. Nos deslocamentos, o clube usa com ônibus particular. Todo o investimento teria custado, segundo experts na área esportiva, cerca de R$ 5 milhões - que seguramente não vieram do salário de Couto como senador -cerca de R$ 17 mil líquidos no contracheque do Senado.

Time arrecada só R$ 30 mil ao mês

O DIÁRIO pesquisou as fontes de renda do clube de Cuiarana. Um dos apoiadores da agremiação é o grupo Y. Yamada, que não entra com dinheiro. Fornece apenas material esportivo ao clube. Do Banco do Estado do Pará, recebe R$ 15 mil ao mês. O clube de Cuiarana também recebeu R$ 90 mil (cota única) repassados pela Funtelpa pela transmissão dos jogos. Somando tudo, o Santa Cruz de Cuiarana arrecada pouco mais R$ 30 mil ao mês.

Em entrevista ao caderno Bola no segundo semestre do ano passado, Couto disse que teve que se livrar de patrimônio para investir no clube. Afirmou que a receita para o pagamento em dia deriva de outras formas de renda, como o aluguel do salão de festas do clube. Em julho do ano passado, o senador garantiu ter contabilizado inacreditáveis R$ 380 mil limpos apenas de aluguel do espaço. É pouco provável que a renda do salão de festas do Santa Cruz faça com que o espaço renda mais que o badalado Hangar Centro de Convenções, em Belém, que não alcança esse faturamento mensal.

PREJUÍZOS

Apesar da estrutura de clube grande, o Santa Cruz não tem torcida e tampouco tem renda que justifique o megainvestimento. O jornal teve acesso a três borderôs de jogos realizados pelo clube no primeiro semestre. Eles mostram que jogos do realizados no estádio “Mário Couto” são sempre deficitários. Em 17 de janeiro passado, o Santa Cruz foi derrotado por 2x1 pelo São Francisco de Santarém. Foram vendidos apenas 231 ingressos e arrecadados R$ 1.870,00. As despesas totalizaram 4.467,46, ficando um déficit de R$ 2.597,46. Três dias depois, a 20 de janeiro, o Santa Cruz novamente entrou em campo em Cuiarana, derrotando a Tuna por 1x0.

Foram vendidos 240 ingressos e arrecadados R$ 2.898, com uma despesa de R$ 5.083,10, ficando um déficit de R$ 2.185,10.

Mesmo quando há um público razoável decorrente da doação de bilhetes patrocinado pelo Mister M de Cuiarana, o prejuízo permanece. Foi o que ocorreu na partida realizada no último dia 20 de março, quando o Santa Cruz venceu o Águia de Marabá por 2x1. Couto colocou à venda 1,2 mil ingressos ao valor de R$ 1,00. Todos os bilhetes foram “vendidos”. A arrecadação foi de R$ 1,2 mil, só que o total das despesas chegou a R$ 4.322,00 e o prejuízo alcançou R$ 3.122,00.

Mansão cinematográfica no interior de Salinópolis

Quem vai a Cuiarana não pode deixar de conhecer a mansão cinematográfica que o senador Mário Couto possui na localidade - que pela sua riqueza e imponência, já se transformou num ponto turístico. A mansão daria inveja até ao bilionário Eike Batista. O imóvel ocupa uma quadra inteira e tem no seu interior inúmeros aposentos, um campo de futebol de dimensões especiais, guarita de vigilância e dois sofisticados iates. Difícil explicar toda essa imponência, quando se sabe que todos os bens de Couto estão bloqueadas pela Justiça.

As questões são: qual o interesse que levou o senador a investir numa pequena vila no interior de Salinópolis? Será pelos inúmeros braços de rio que chegam até a localidade e pelo crescente interesse do tucano pelas atividades náuticas? De onde vem tanto dinheiro?

Informações extraoficiais dão conta de que o governador Simão Jatene teria conhecimento de parte do que vem acontecendo em Cuiarana e no Detran - e estaria bastante incomodado com a situação.

Para procurador, AL foi alvo de saque e assalto

As investigações do Ministério Público acerca do mega-esquema de desvio de recursos públicos durante a gestão do hoje senador Mário Couto (PSDB) na presidência da Assembleia Legislativa do Estado (entre 2004 e 2007) estão na reta final. Além de ter pedido e conseguido o bloqueio dos bens do senador, da sua filha a deputada Cilene Couto, e de mais 38 pessoas, o MP vai pedir ainda na Justiça a devolução dos mais de R$ 13 milhões que foram desviados dos cofres da casa durante a gestão de Mário Couto.

“Essas pessoas [Mário e Cilene Couto] tem legitimidade porque foram eleitas para zelar pelo erário público. E elas foram as primeiras que saquearam, que vilipendiaram esse erário. Por isso uma das medidas mais importantes é a devolução do que foi desviado para o erário, que foi assaltado...”, afirma o Procurador de Justiça Nelson Medrado, que investigou o escândalo de desvio de verbas na AL. O Ministério Público quer afastar a certeza da impunidade, que motivou o esquema de desvio de dinheiro público, no poder do legislativo. E a promotoria está atuando em duas áreas: na criminal, onde solicitará que os envolvidos paguem com penas de prisão; e na área da improbidade, exigindo o ressarcimento do que foi desviado do erário.

O MP também já enviou à Procuradoria Geral da República as provas coletadas contra o senador Mário Couto, resultado de mais de um ano de investigação, para que seja aberto o processo criminal, já que nessa área o senador tucano goza de foro privilegiado e só pode ser processado no Supremo Tribunal Federal. Pelo menos onze processos licitatórios teriam sido fraudados entre os anos de 2004 e 2007.

BENS BLOQUEADOS

Os desvios somam, segundo cálculos do Ministério Público Estadual, R$ 13 milhões. Mário Couto está com os bens bloqueados por decisão da Justiça do Pará. Com isso, a Justiça impede a transferência de bens para terceiros, garantindo que, em caso de condenação, o senador possa ressarcir o erário público.

O escândalo protagonizado por Mário Couto ficou conhecido como “Tapiocouto” e, segundo o Ministério Público, foi baseado no pagamento de serviços não realizados a empresas fantasmas que pertenciam a servidores da casa ou a parentes de servidores. A campeã de recebimentos foi a Croc Tapioca, que, segundo denúncia do MP, vendia “do feijão ao avião” para a AL. As denúncias de desvio de recursos públicos já tiveram desdobramentos na Justiça Estadual. Isso porque o foro privilegiado de Mário Couto não se aplica ao julgamento por improbidade, que corre na esfera civil, e que pode obrigar o senador a devolver aos cofres públicos o dinheiro desviado. No Pará, os promotores já apresentaram denúncia contra Couto. Ele é réu em três ações.

Além dos pagamentos às empresas que, supostamente, prestavam serviços à AL, havia também o esquema de desvio de dinheiro através de uma folha salarial extra. “Era tudo feito às claras! Era facilmente perceptível. A Assembleia tinha uma folha oficial que era paga e uma segunda arquivada, que era metade da oficial. Se o controle interno da Assembleia Legislativa tivesse atuado, descobriria facilmente o esquema”.

Só que Cilene Couto, atual deputada estadual, e filha do senador Mário Couto, controlava o controle interno, e um outro filho do senador trabalhava na auditoria da casa. “Houve uma cegueira deliberada. As pessoas se fingiam de cegas para permitir os saques. Era impossível não saber o que estava ocorrendo. Era grandioso, monumental [o esquema]”, aponta Nelson Medrado, Procurador de Justiça. A investigação do MP colheu depoimentos mostrando que saíam, por semana, de R$ 400 mil a R$ 600 mil do Banpará para servidores da Alepa.

Da contravenção às bravatas e maracutaias

Mário Couto sempre teve sua vida pública associada à contravenção. Foi lá, no submundo do jogo do bicho que o hoje senador começou sua carreira. Isso ocorre desde a década de 80. Couto foi um dos líderes da contravenção penal em Belém nas décadas de 1980 e 1990, quando se intitulava “porta-voz” da Associação dos Banqueiros e Bicheiros do Estado do Pará.

Proprietário da banca de jogo “A Favorita”, o tucano vivia cercado de seguranças armados. Fotos e matérias dos jornais DIÁRIO DO PARÁ, “A Província do Pará” e do próprio “O Liberal” - que hoje é porta-voz do contraventor -comprovam o passado que o tucano insiste em negar. Os veículos mostravam na época Mário Couto constantemente ao lado de bicheiros, ameaçando delegados e policiais civis que cumpriam a lei. Sua atuação como bicheiro resultou, em 16 de janeiro de 1989, em denúncia feita pelo Ministério Público (documento ao lado), através do promotor José de Ribamar Coimbra, em crime previsto no artigo 317 do Código Penal.

Desde que assumiu seu mandato no Senado Federal, o tucano Mário Couto adota a memória seletiva, esquecendo sua vida pregressa. Tenta vestir a capa de paladino da moralidade e, sempre alterado e utilizando bravatas, ocupa a tribuna, bate na mesa, condena o comportamento de adversários políticos, faz acusações sem provas e ataca quem não pode se defender.

Talvez para chamar atenção da imprensa nacional, que assim como seus pares na casa, simplesmente o ignora. A encenação só encontra eco em Belém nas páginas de “O Liberal”, jornal comandado pelo presidente das ORM, Rômulo Maiorana Júnior, o “Rominho”, figura com quem o senador divide afinidades e intimidades, apesar de já ter sido chamado várias vezes de criminoso e posado na primeira página desse jornal com gesto obsceno, ofendendo a população.

Bens cresceram quatro vezes

Os desvios de dinheiro da AL eram feitos através de fraudes na folha de pagamento e em processos de licitação forjados. Quando assumiu a presidência, Mário Couto nomeou pessoas da confiança dele para cargos estratégicos, que viabilizariam o esquema. A filha Cilene Couto ficou com a presidência da Comissão de Controle Interno, responsável por fiscalizar as contas da casa, de onde só saiu para disputar o cargo de deputada estadual. O amigo e assessor Sérgio Duboc assumiu o departamento financeiro. A maracutaia funcionava assim: empresas eram criadas para concorrer e vencer licitações. O pagamento por serviços que nunca foram prestados acontecia livremente. No Banpará, uma integrante do esquema recebia os cheques pagos pelo gerente por ordem de Duboc.

“Pelas normas bancárias, o cheque só pode ser pago às pessoas indicadas no cheque, mas por pressão do Duboc, os funcionários eram obrigados a pagar, senão ele ameaçava tirar o dinheiro do banco. Até ameaçava com sua condição de servidor do Banco Central. Só que quem retirava o dinheiro do banco eram os servidores que participavam do esquema e nunca as empresas”, detalha Medrado. Após ser denunciado pelo Ministério Público por improbidade administrativa, Couto, furioso, tentou intimidar o juiz do processo que bloqueou os seus bens, Elder Lisboa, acusando o magistrado de cobrar propina através de um advogado, mas a farsa não vingou e o senador foi desmascarado. Couto usou um jornal local para divulgar gravações que mostrariam suposta tentativa de extorsão feita pelo advogado Paulo Hermógenes em nome de Lisboa.

Segundo o senador, o juiz teria pedido R$ 400 mil para livrá-lo das ações envolvendo as fraudes na AL. Até hoje, nem Couto e nem o jornal apresentaram as gravações e o episódio foi visto como uma tentativa de intimidar o juiz. Mário Couto, aliás, é conhecido pelas tentativas de intimidação contra os que se opõem aos seus interesses. Nelson Medrado também foi atacado por Couto, que, em pronunciamento no Senado acusou o promotor de agir movido por interesses pessoais. “Esse esquema não foi feito às escondidas, não. Era tudo às claras e facilmente perceptível. Descobrimos que em um ano foram gastos R$ 26 milhões numa reforma num prédio como o da AL, que se constrói por no máximo R$ 8 milhões. Ou seja, se gastou três vezes mais que o valor do prédio”.

Não custa lembrar que em 2002, quando se candidatou a deputado estadual, o patrimônio de Couto declarado à Justiça Estadual era de R$ 138.800,25. Sua relação de bens se resumiam ao apartamento 501 da rua Arcipreste Manoel Teodoro, 390, centro de Belém, avaliado em R$ 62.457,53; a uma casa em Salvaterra, no valor de R$ 34.698,62; e a uma casa no lote 32, quadra 8, do loteamento Parque Verde, que valeria R$ 41.636,40; além de R$ 7,70 em quotas de capital da empresa Só Ferro. Já em 2006, candidato ao Senado - e depois de presidir por três anos a Assembleia Legislativa -, os bens declarados pelo senador tucano haviam mais que quadruplicado, somando R$ 598.852,49.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Mario Tapiocouto: mais uma fanfarronice no Senado

Mais uma fanfarronice do senador contraventor que envergonha o Pará em Brasília. Como diz o Jorge Amorim, lamentável!  

Do Blog Na Ilharga

Vergonhosa, patética e indigna do recinto onde se deu a encenação(mais uma) do senador tucano Mario Couto. Depois de comemorar a assinatura de 31 senadores ao requerimento de sua autoria, que pedia a instalação de uma CPI que investigasse desvios de recursos públicos da SUDAM para particulares, danou-se a distribuir impropérios para todos os lados.
O anticlímax da fanfarronice ocorreu quando o tucano exibiu às câmeras da TV Senado a capa do caderno de esportes do Diário do Pará em que o jornal o acusava de ser fanfarrão. Dito isso, passou a chamar o diretor do jornal de 'ladrão', acusação claramente extensiva ao pai do acusado. Mas, por covardia e velhacaria, o pemedebista não foi citado, pois regimentalmente teria direito à resposta. Advertido pela presidência de que o Regimento da Casa proibia aqueles termos chulos, Mario, inconformado, chegou à apoplexia rasgando o dito requerimento na frente dos presentes e debochou dos 31 incautos que, em algum momento, pensavam ser séria sua intenção.
Se o ex-contaventor penal, ex-assaltante dos cofres da Alepa e dirigente de um clube/lavanderia de dinheiro oriundo de paraisos fiscais vai descer ainda mais à lama não se sabe. O que se sabe é que a representação do Pará naquele Poder não pode ser submetida a mais vexames daquele matiz. Isso até o colega de bancada e partido, Flexa Ribeiro sabe, a julgar pela postura cabisbaixa diante daquela baixaria. Lamentável!

Desgoverno Jatene: Projetos chegam sem instrução na Alepa

O "brilhante gestor" Simão Jatene, com sua grande eficiência e capacidade administrativa, dá mostras do potencial do seu governo. Só não é chamado de incompetente diariamente pela imprensa porque os milhõe$$$  estã correndo solto nas redações. Caso contrário não haveria perdão.
 
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É falha recorrente nas Mensagens do Poder Executivo que encaminham projetos de lei à Alepa deixar de instrui-los com os documentos necessários. No caso do mais recente, que autoriza a contratar Operação de Concessão de Colaboração Financeira não reembolsável com o BNDES, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça e relator da matéria, deputado Raimundo Santos(PEN), alertou para a falta da competente planilha discriminando a projeção de aplicação dos recursos a serem contratados, além da relação dos municípios a serem contemplados. E, considerando o regime de urgência, propôs a aprovação pela CCJ, sob condição de que a falha fosse sanada antes da votação em plenário.

Brasil cria 112.450 empregos com carteira assinada em março, aponta Caged

Enquanto isso, a economia paraense segue patinando.

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A economia brasileira criou um saldo de 112.450 vagas formais de trabalho em março. O resultado é 0,63% superior ao do mesmo mês do ano passado, quando foram gerados 111.746 mil empregos com carteira assinada e é o maior resultado para o mês desde março de 2010, quando foram criados 266,4 mil empregos. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

Em março, foram registradas 1,849 milhão de contratações e 1,736 milhão de demissões. Em 12 meses, o Brasil gerou 1,097 milhão de empregos formais. Ainda segundo o Caged, no 1º trimestre foram 306.068 vagas. No mesmo período em 2012, esse número chegou a 442.608 mil empregos. Vale ressaltar que no dado referente a 2013, apenas os meses de janeiro e fevereiro estão ajustados.

A geração líquida de empregos em março ocorreu em seis dos oito setores registrados no Caged e ainda pode ser revista porque as empresas costumam enviar dados sobre contratações e demissões fora do prazo estipulado pelo MTE (por isso o dado é considerado sem ajuste sazonal). A construção civil teve um saldo líquido de 19.709 postos em março e o de comércio, 3.160 vagas. A agricultura registrou fechamento líquido de 4.434 postos de trabalho formal.

O setor de serviços industriais de utilidade pública fechou 335 postos. O Ministério do Trabalho prevê uma geração líquida de empregos formais de 1,7 milhão neste ano.

(PT no Senado, com agências de notícias e Ministério do Trabalho)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Há censura no Brasil, sim

Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

No último sábado, fui um dos palestrantes em um encontro de blogueiros em Curitiba. A “mesa” de debates de que participei teve como tema “Comunicação e Democracia”. Como disse na oportunidade, aqui no Brasil uma sempre foi usada contra a outra.

Há quase sessenta anos, um presidente da República deu um tiro no peito por causa da comunicação. Dez anos depois, a comunicação pediu, tramou, ajudou a instalar e, depois, a sustentar uma ditadura sangrenta que durou duas décadas.

Nesta semana, a comunicação no Brasil trata de censurar fatos em um país fronteiriço que, por ser o maior produtor de petróleo do planeta, encerra importância geopolítica e econômica de tal magnitude que atrai os olhares do mundo.

Sob a batuta dos Estados Unidos, a comunicação brasileira trata a política interna da Venezuela à base de omissões e distorções dos fatos ou, simplesmente, à base da mais legítima censura.

Antes de prosseguir, há que contextualizar os fatos.

A vitória apertada do presidente recém-eleito do país vizinho não difere, por exemplo, da que – graças a Deus – obteve Barack Obama nos Estados Unidos em novembro do ano passado, quando derrotou o republicano Mitt Romney por margem tão apertada quanto o venezuelano Nicolás Maduro derrotou o adversário Henrique Capriles – Obama obteve 2,3 pontos de vantagem e Maduro, 1,75 ponto.

Embora os EUA ou a mídia brasileira não tenham pedido recontagem dos votos nos Estados Unidos só porque a vitória de Obama não foi mais ampla, ambos põem em suspeição a eleição venezuelana apesar de o sistema eleitoral do país sul-americano ser mais confiável do que o do país norte-americano.

Até aí, política é política e o debate público, por si só, dá conta de pôr os pingos nos is. O problema é quando um comportamento literalmente fascista dos derrotados na Venezuela, que não querem aceitar a derrota, conta com a cumplicidade da imprensa brasileira.

Os venezuelanos saberão resolver seus problemas, espera-se. Mas o nosso talvez seja pior do que o deles, pois na Venezuela a censura se tornou impossível devido à pluralidade da comunicação, que há para todos os gostos.

O comportamento dos derrotados na Venezuela vem sendo criminoso. Capriles, inconformado com a derrota, exortou seus seguidores a irem às ruas protestar contra uma vitória que, até prova em contrário, foi legítima como a de Obama no ano passado.

Sendo condescendente, pode-se aceitar que Capriles tenha perdido o controle de seus seguidores e que os atos de violência que desencadearam por toda Venezuela entre a madrugada de segunda-feira e a manhã de terça não tenham sido orquestrados por ele.

Aliás, ao recuar da manifestação que convocara para esta quarta-feira, o candidato derrotado parece ter percebido que sua exortação aos seus seguidores poderia leva-lo às barras da lei, porque sua primeira convocação teve como saldo, até agora, sete mortos e incontáveis atos de vandalismo por toda a Venezuela.

Uma onda de vandalismo e violência tomou o país vizinho. Sete seguidores de Nicolás Maduro foram assassinados nos estados Zulia, Táchira e em Caracas, e 61 pessoas ficaram feridas, algumas com gravidade.

Ao todo, nove estados reportaram agressões de variados tipos. A mais macabra, porém, foi a de um seguidor de Maduro que foi queimado vivo.

Segundo relatos do governo venezuelano, os assassinados tentaram defender unidades dos programas sociais Pdval, CDI e Mercal, que oferecem de atendimentos de saúde por médicos cubanos a venda de alimentos por preços mais baratos que os do comércio.

Segundo relatos do governo venezuelano, os estados atingidos pela onda de violência foram Caracas, Carabobo, Miranda, Barinas, Mérida, Lara, Táchira, Sucre e Zulia. Os primeiros ataques de seguidores de Capriles foram aos CDIs, centros de atendimento médico.

Os CDIs são dirigidos por médicos cubanos e até pacientes teriam sido atacados.

Há relatos, também, de ataques a tevês e rádios comunitárias simpatizantes do governo. As tevês estatais Venezolana de Televisión (VTV) e Telesur foram cercadas pelas hordas oposicionistas e só não as atacaram porque a polícia interveio.

Várias sedes do partido do governo, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), teriam sido depredadas e incendiadas. Praças públicas e pontos de ônibus teriam sido destruídos. Entregas de alimentos nos mercados do governo teriam sido impedidas e a mercadoria roubada pela horda ensandecida.

O governo venezuelano e incontáveis matérias nas tevês estatais reportam que tudo que tivesse o logotipo do governo era atacado pelos que, alegadamente, foram às ruas, sob instigação de Capriles, para promover um “panelaço pacífico”.

As redes estatais inclusive mostraram imagens de depredação nos centros médicos do estado Miranda, governado por Capriles, identificando-os como sendo os de La Limonera e de Trapichito. Esses ataques teriam resultado em 3 mortos que tentaram defender as instalações.

Outros relatos dão conta de ataques no estado Carabobo, na cidade de Valencia – onde este blogueiro esteve várias vezes a trabalho. Lá, oito centros médicos teriam sido atacados e um deles, incendiado.

Os mortos têm até nome. Um deles é o dirigente do PSUV Henry Rangel. No estado Zulia, outro militante do PSUV foi assassinado diante da sede do Conselho Nacional Eleitoral, quando os seguidores de Capriles ali protestavam e a vítima os xingou. Em Caracas, o militante do PSUV Luis Ponce também foi assassinado enquanto tentava defender o centro médico de La Limonera.

Aliás, o uso do condicional, aqui, é mera formalidade, pois a Telesur mostrou imagens de depredações ao longo da última terça-feira e 135 agressores foram presos em flagrante.

Se quiserem argumentar que é tudo invenção do governo, as imagens e as centenas de testemunhas provam que violência houve. Podem, então, argumentar que foi o governo que pôs hordas nas ruas para praticarem violência e pôr a culpa na oposição, mas há gente presa em flagrante, acusada de assassinatos e, segundo o governo, com filmagens e fotos das agressões.

Seja como for, haverá tempo de sobra para deslindar esses ataques. E a extensa cobertura de redes de televisão e jornais internacionais facilitará ainda mais o esclarecimento desses fatos.

O que não se pode aceitar, porém, é que fatos dessa gravidade sejam literalmente ocultados pela dita grande imprensa brasileira, que se limitou a relatar que houve “choques” com “7 mortos” na Venezuela por ação “dos dois lados”.

Não há relatos de ataques promovidos pelo governo, não há depredações de sedes de partidos de oposição, não há um só nome de um morto da oposição, não há uma só imagem em foto ou vídeo de governistas praticando violência ou vandalismo.

O Jornal Nacional, em sua edição de terça-feira, ocultou tudo isso. A Folha de São Paulo, na edição desta quarta-feira, não dá um só detalhe sobre as vítimas fatais e sobre os atos dos oposicionistas. Os outros grandes meios de comunicação brasileiros fizeram exatamente o mesmo.

O público desses veículos não sabe um dado crucial: todos os assassinados são governistas. Todos.

Há corpos, há nomes dos corpos e nenhum deles é da oposição. Há sedes do partido do governo e unidades de programas sociais do governo depredados e basta ir a eles e comprovar.

Inclusive, o mero exercício da lógica permite entender que o governo não teria por que promover uma farsa dessa magnitude, pois venceu a eleição. A quem interessa o caos? Aos que perderam, claro. Ao governo interessa a tranquilidade diante do resultado.

Grupos de mídia como Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado, Editora Abril vivem acusando quem pede regulação da mídia, sobretudo o PT, de quererem “censura”. A crise na Venezuela, porém, mostra quem não apenas quer, mas pratica censura no Brasil.

Saiba os nomes dos 19 trabalhadores rurais assassinados no dia 17 de abril de 1996

Cada um tinha uma família, uma trajetória e uma história. Todos tinham uma bandeira e um objetivo, a Reforma Agrária. A luta continua, companheiros!

Abílio Alves Rabelo (seis tiros);

Altamiro Ricardo da Silva (executado no chão, após receber tiros na perna), goiano, 42 anos

Amâncio Rodrigues dos Santos (hemorragia intracraniana), maranhense, 42 anos

Antônio Alves da Cruz (dois disparos de arma de fogo no peito), piauiense, 59 anos;

Antônio Costa Dias (dois tiros no peito), maranhense, 27 anos;

Antônio (conhecido como Irmão – três tiros pelas costas, um no pescoço);

Graciano Olímpio de Souza (Tiro na cabeça, com marcas de lesões típicas de defesa), paraense, 46 anos;

João Carneiro da Silva (esmagamento de crânio),pernambucano, 25 anos;

João Rodrigues de Araújo (tiros e marcas de arma branca);

Joaquim Pereira Veras (dois tiros);

José Alves da Silva ((tiros característicos de execução sumária);

José Ribamar Alves de Souza (dois tiros, um a queima roupa), maranhense, 22 anos

Leonardo Batista de Almeida (arma branca), maranhense, 46 anos;

Lourival da Costa Santana (tiro fatal no coração), maranhense, 25 anos;

Manoel Gomes de Souza (três tiros, na cabeça – execução sumária), piauiense, 49 anos;

Oziel Alves Pereira (três tiros na cabeça e um no peito – em poder da polícia, algemado. Seu nome foi dado a uma escola no assentamento Palmares, em Eldorado do Carajás, construída em meu governo);

Raimundo Lopes Pereira (dois tiros na cabeça e um no peito, com marcas de tentativa de defesa), maranhense, 20 anos;

Robson Vitor Sobrinho (quatro tiros, dois a queima-roupa, pelas costas);

Valdecir pereira da Silva (sem detalhes

Violência e impunidade contra trabalhadores do campo persiste

Por Iris Pacheco
Da Página do MST

A tensão causada pela disputa por terras tem se agravado e elevado o número de mortos em conflitos fundiários no Brasil. Na maioria dos casos o poder judiciário omite sua responsabilidade em solucionar de assegurar aos trabalhadores e trabalhadoras rurais a garantia do direito à terra.

Em 2012, o número de assassinatos no campo cresceu 10,3% em relação a 2011, subindo de 29 para 32. As mortes aconteceram, em sua maioria, no Pará e em Rondônia, estados onde os conflitos por terras e as disputas em torno da exploração ilegal de madeira têm recrudescido nos últimos anos. No país, de 2000 a 2012, os conflitos agrários provocaram 458 mortes.

Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, “é preciso combater a impunidade contra a violência do latifúndio. Os dados dos conflitos no campo atestam o crescimento de crimes referentes à violação dos direitos humanos e conflitos agrários. Enquanto isso o judiciário permanece complacente na hora de julgar o latifundiário”.

Abaixo, os assassinatos mais recentes e simbólicos daqueles que dedicaram sua vida lutando pela terra:

Rio de Janeiro

Cícero Guedes - Trabalhador rural e militante do MST

Em janeiro de 2012, Cícero Guedes foi assassinado por pistoleiros, nas proximidades da Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes (RJ). Cícero foi baleado com tiros na cabeça quando saía do assentamento de bicicleta.

A usina é um complexo de sete fazendas que totaliza 3.500 hectares. O local tem um histórico de 14 anos de luta pela terra. Em 1998 a área recebeu Decreto de Desapropriação para fins de Reforma Agrária. No entanto, até hoje a desapropriação não ocorreu.

Regina dos Santos Pinho – Militante do MST e CPT

Onze dias após a execução de Cícero Guedes, Regina dos Santos, é encontrada em sua residência com um lenço vermelho amarado no pescoço e seminua. Residente no assentamento Zumbi dos Palmares, Regina sempre contribuiu na militância do movimento e era referência em agroecologia no assentamento.

Pará

Massacre de Eldorados dos Carajás

Emblemático por ser considerado o maior caso contemporâneo de violência no campo, o Massacre de Eldorados dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, resultou em 21 mortos e 37 feridos de bala. A ação policial se utilizou de 155 homens de dois grupos da Polícia Militar do Pará para atacar os Sem Terras.

Em maio de 2002, em Belém, o coronel Mario Colares Pantoja, foi condenado a 280 anos de prisão pelo tribunal do júri e pelo assassinato dos trabalhadores. Mesmo sendo condenado, o réu só foi cumprir pena no Centro de Recuperação Anastácio das Neves (Crecran) em 7 de maio de 2012, 10 anos depois.

Mamede Gomes de Oliveira – Trabalhador rural e militante do MST

Em dezembro de 2012, “seu Mamede” foi assassinado dentro de seu lote na região metropolitana de Belém, com dois tiros disparados por Luis Henrique Pinheiro, preso logo após o assassinato.

Mamede era uma grande referência na prática da Agroecologia e criou o Lote Agroecológico de Produção Orgânica (Lapo), onde desenvolvia experiências de agricultura familiar para comercialização e consumo próprio.

José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva - Extrativistas

O casal de extrativistas foi assassinado em maio de 2011, no interior do Projeto de Assentamento Praia Alta Piranheira, município de Nova Ipixuna, Sudeste do Pará.

Dois anos depois, o júri popular absolveu José Rodrigues Moreira, apontado pelo Ministério Público como mandante da morte do casal. O mesmo júri condenou a 42 anos e oito meses o irmão dele, Lindonjonson Silva Rocha, por ter armado a emboscada, e Alberto Lopes Nascimento, a 45 anos, como autor do duplo homicídio.

Ainda aguarda o julgamento de Gilsão e Gilvan, proprietários de terras no interior do Assentamento, que também teriam participado do crime como mandantes.

Paraná

Sebastião Camargo – Trabalhador Sem Terra

O trabalhador Sem Terra foi morto durante um despejo ilegal na cidade de Marilena, no Noroeste do Paraná, que envolveu cerca de 30 pistoleiros, entre eles Augusto Barbosa da Costa e Marcos Prochet, autor do disparo que matou o agricultor, todos integrantes de milícia organizada pela União Democrática Ruralista (UDR). Além do assassinato de Camargo, 17 pessoas, inclusive crianças, foram feridas durante a ação truculenta.

O julgamento dos acusados de assassinar Sebastião Camargo, que estava previsto para fevereiro desde ano, foi mais uma vez adiado.

José Alves dos Santos e Vanderlei das Neves - Trabalhadores rurais

Em 16 de janeiro de 1997, cerca de dez trabalhadores foram alvejados por tiros em uma lavoura de milho. Na ocasião, além de Neves e Santos, que morreram no local, José Ferreira da Silva, 38 anos, também foi ferido com um tiro de raspão no olho.

O crime aconteceu na Fazenda Pinhal Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu, da empresa Giacometi Marondin (atual Araupel). Os acusados, Antoninho Valdecir Somenzi, 57 anos, e Jorge Dobinski da Silva, 69 anos, foram absolvidos pelo júri, que alegou falta de provas para atribuir os crimes aos suspeitos.

Valmir Motta de Oliveira (Keno)

Em 2007, Valmir Motta de Oliveira, conhecido como Keno, foi morto por pistoleiros, quando o MST ocupou a área da empresa Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, para denunciar a transnacional pela realização de testes ilegais com transgênicos nas proximidades do Parque Nacional do Iguaçu.

Bahia

Fábio Santos da Silva – Militante do MST

Fábio foi assassinado por pistoleiros com 15 tiros, no início desde mês de abril, no município de Iguaí, região sudoeste da Bahia. Os militantes do MST da região começaram a sofrer ameaças dos latifundiários, desde o ano de 2010, quando famílias acampadas no Acampamento Mãe Terra realizaram diversas ocupações.

Minas Gerais

Massacre de Felisburgo

Foi em novembro de 2004. Cinco Sem Terra foram assassinados por jagunços armados, que invadiram o acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, na região do Vale do Jequitinhonha (MG). Outros 20 ficaram gravemente feridos, barracos e plantações foram queimados.

O latifundiário mandante do crime, Adriano Chafik, proprietário da fazenda Nova Alegria, ocupada havia dois anos por 230 famílias do MST, confessou publicamente ser o mandante da chacina.

Nove anos depois, o julgamento, inicialmente previsto para janeiro deste ano, foi finalmente marcado para o dia 15 de maio, em Belo Horizonte.

Chacina De Unaí

Em Janeiro de 2004, quatro servidores da Delegacia Regional do Ministério do Trabalho foram assassinados quando apuravam uma denúncia de trabalho escravo em fazendas do agronegócio, na zona rural de Unaí, noroeste de Minas Gerais. A “Chacina de Unaí” motivou a celebração do dia 28 de janeiro como o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo.

Massacre de Eldorado dos Carajás: 17 anos e a luta continua!


Há 17 anos, um conflito terrível marcou a luta pela terra no Brasil. Conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, deixou como saldo 19 trabalhadores rurais sem terra mortos e 60 feridos. Eles protestavam pela desapropriação da Fazenda Macaxeira, no município de Paraupebas, ocupada há anos pelo MST.

As imagens chocantes correram o mundo. Trabalhadores rurais cercados pelos batalhões da Polícia Militar de Marabá e Parauapebas, no acostamento da rodovia PA-150, eram abatidos a rajadas de metralhadoras. Foices contra balas. Corpos mutilados, com marcas de execução. Pânico nos olhos dos sobreviventes. Lágrimas de mulheres e crianças.

O Massacre de Eldorado dos Carajás, infelizmente, não serviu como alerta de que algo deveria ser feito. Hoje ainda os conflitos existem. Hoje ainda trabalhadores rurais são mortos a mando do latifúndio. Hoje ainda a terra não serve a sua função social.

Que este momento de dor seja lembrado como mais um capítulo da luta dos oprimidos por justiça social. Que sirva de alento ao lutadores para que não esmoreçam e acreditem que este sonho que perseguimos não é um sonho que sonhamos sós, mas que muitos outros deram sua vida por ele. E que, sonhando juntos, um dia cheguemos a vê-lo realidade.


terça-feira, 16 de abril de 2013

Belém refém do crime: Escola suspende as aulas com medo de bandidos

De O Liberal

Assaltantes cumpriram ameaça e se vingaram com novo assalto

Alunos da Escola Municipal Estelina Walmont, localizada no bairro da Terra Firme, estão sem aula desde a última terça-feira, quando um assalto deixou todos com medo da violência. Há 15 dias, dois assaltantes assaltaram uma professora e na fuga deixaram uma arma cair. Como o segurança recolheu o revólver, os bandidos cumpriram as ameaças de voltar, caso a arma não fosse devolvida. E na tarde de terça-feira passada, cinco homens invadiram a escola e fizeram sete vítimas.

De acordo com uma funcionária da escola que não quis se identificar, por medo de represálias dos suspeitos, tudo começou há duas semanas, quando dois homens entraram no estacionamento da escola e roubaram vários pertences de uma professora. Eles estavam armados com um revólver e como chovia bastante no momento da ação, acabaram deixando a arma cair, antes de fugir do segurança da escola.

A arma foi recolhida pelo segurança, que, segundo a testemunha, a entregou aos seus superiores. Este mesmo segurança teria sido ameaçado pela dupla de assaltantes, que voltou à escola no dia seguinte ao do primeiro roubo em busca da arma. "No dia seguinte, os assaltantes voltaram para pegar o revólver, mas o segurança disse que já não estava mais com ele. Aí os bandidos disseram que se ele não devolvesse iam voltar e invadir a escola", contou a testemunha.

Maduro é proclamado presidente da Venezuela

Nicolas Maduro, Presidente eleito democraticamente na Venezuela em 13 de Abril de 2013
Caracas - No final da tarde desta segunda-feira (15), a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, proclamou Nicolás Maduro presidente constitucional da Venezuela. Com a participação de 79,17% dos eleitores, Maduro obteve 7.563.747 votos, 50,75% do total, e Henrique Capriles recebeu 7.298.491, equivalente a 48,97%.

Em seu discurso, a presidenta do CNE defendeu o sistema eleitoral venezuelano como um dos mais seguros do mundo e rechaçou as declarações da oposição de não reconhecer o pleito. “Como vamos viver em sociedade se o mesmo sistema eleitoral, com as mesmas pessoas a frente, é reconhecido quando interessa a oposição e é atacado e desmoralizado quando não lhes interessa?”, questionou.

Lucena ressaltou o estado de direito venezuelano está acima de amedrontamentos e ameaças e explicou que o papel do árbitro eleitoral não é “quantificar a vitória, se ela é conquistada por uma margem grande ou pequena”, mas sim “contar os votos e proclamar quem saiu vitorioso pela vontade da maioria”.

Lucena classificou a Venezuela como a democracia mais vibrante e viva da América Latina e considerou as eleições de domingo uma prova contundente de convivência social. “É possível expressar posições políticas claramente adversar fazendo uso da consulta popular através do voto sem que a violência se imponha”, destacou, acrescentando que “os resultados eleitorais não são produtos de consenso, mas da vontade de homens e mulheres”. Ao mesmo tempo, Lucena enfatizou que cabe às lideranças políticas “estar à altura deste povo e desta democracia”.

Observadores internacionais
Minutos antes, representantes de organizações internacionais que acompanharam o processo eleitoral venezuelano respaldaram sua lisura. Segundo o alto representante do Mercosul, Ivan Ramalho, assim como havia constado na última eleição de outubro de 2007, “o fortalecimento da democracia [venezuelana] está dado pelo alto nível cívico do país, evidenciado pela elevada participação cidadã e a qualidade técnica do sistema automatizado de votação, o qual possui características de segurança e confiabilidade comprovadas”. Ramalho ainda enfatizou que “toda reclamação, questionamento ou procedimento extraordinário deverá ser canalizado dentro do ordenamento jurídico venezuelano”.

O representante da União Interamericana de Organismos Eleitorais (Uniore) , Eugenio Chicas, afirmou que o processo se levou a cabo de maneira muito satisfatória e transparente, cumprindo com os padrões internacionais e com a legislação nacional.

A Missão Eleitoral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se pronunciou na manhã desta segunda-feira (15), afirmando-se “testemunha de um amplio exercício de cidadania e libertade por parte do povo venezuelano”.

PT: 10 anos de governo do povo, com o povo, para o povo!

Três fins do mundo em apenas três meses


No Balaio do Kotscho

De vez em quando, ultimamente, fico até com receio de perder meu tempo escrevendo. O mundo já poderá ter acabado quando este texto chegar aos caros leitores. Quem vai ler?

Sem falar na sempre iminente guerra nuclear das Coreias, o fim do mundo está onipresente no noticiário nacional, como se houvessem estabelecido uma programação prévia para não deixar o brasileiro respirar sossegado dois dias seguidos.

Mal se termina de falar de uma crise e já aparece outra nas manchetes, sem que tenha dado tempo da anterior terminar.

O ano mal começou, e já tivemos de volta as notícias alarmistas sobre os iminentes riscos de apagão de energia em razão da falta de chuvas nos reservatórios, ao mesmo tempo em que as enchentes em outros pontos do país provocavam novas tragédias. Imagens de reservatórios com pouca água e morros despencando eram acompanhadas de análises dos "especialistas" de sempre para quem o país, com este governo, não tem nenhum futuro, seja por falta ou excesso de chuvas.

Nós brasileiros nem tivemos tempo de comemorar o recorde da safra de grãos, e já começaram as séries de reportagens sobre o colapso na infraestrutura, com estradas intransitáveis e congestionamentos nos portos.

E assim fomos seguindo o ano de 2013, de agonia em agonia, até que sobreveio a grande crise do preço do tomate, a maior de todas, porque esta pode explodir ao mesmo tempo a inflação e os juros, levando o País à ruína completa. Em apenas três meses, ficamos novamente à beira do abismo.

Esses problemas todos existem, é claro, e alguns são bastante sérios, como já mostramos aqui no Balaio, tornando mais difícil a recuperação da economia. O clima de catastrofismo, porém, vai além da realidade dos fatos e tem como pano de fundo a sucessão presidencial de 2014, ativada pela antecipação da campanha e pela ausência de candidatos competitivos para enfrentar a candidata do governo.

Inconformados com os altos índices de popularidade da presidente Dilma Rousseff, que nas atuais pesquisas lhe garantem a reeleição já no primeiro turno, setores da sociedade que se sentiram prejudicados com a queda de juros e tarifas, especuladores e rentistas, e todos os donos da grande mídia, aquela gente que não se conforma com medidas que visam a beneficiar a população de baixa renda, resolveram investir em outros campos, já que o cenário eleitoral não lhes dá muitas esperanças de voltarem ao poder tão cedo.

Alguma coisa está fora de ordem e de lugar quando assistimos à 'judicialização' da política e à politização do judiciário, e os grandes protagonistas da cena brasileira se tornam o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que agora têm uma opinião formada sobre tudo e dão seus pitacos definitivos sobre qualquer assunto, mesmo quando não são chamados. Eles se consideram os últimos catões da República, os únicos e os últimos honestos num país em que ninguém mais presta, só eles. Estão sempre de cara amarrada, não se permitem um sorriso. São as próprias expressões do fim do mundo.

Gurgel já decidiu que a nova distribuição dos royalties do petróleo só deverá valer a partir de 2016; Barbosa comenta a indicação do polêmico deputado pastor Marco Feliciano para uma comissão da Câmara, como se tivesse alguma coisa a ver com isso, e ambos se dedicam com afinco para colocar logo na cadeia os condenados da Ação Penal 470, recusando sumariamente qualquer recurso dos advogados de defesa.

Citado pelo ex-ministro José Dirceu numa história no mínimo muito malcontada, no episódio da sua indicação para o STF, o ministro Luiz Fux manda um assessor responder que não vai polemizar com réus condenados. Na mesma semana, o procurador-geral Gurgel determina ao Ministério Público e à Polícia Federal investigações sobre o ex-presidente Lula, a partir de declarações feitas por Marcos Valério, após o réu ser condenado a mais de 40 anos de prisão. Princípios e valores variam conforme os interesses de ocasião. E tudo parece muito natural para a nossa imprensa.

No mesmo momento em que Barbosa denuncia o "conluio" entre advogados e magistrados, o escritório de Sergio Bermudes, um dos mais caros do país, anuncia o patrocínio de uma festa de arromba para mais de 300 pessoas em seu apartamento de 800 metros quadrados, no Rio de Janeiro, para comemorar o aniversário de 60 anos do mesmo ministro Luiz Fux, cuja filha Marianna, candidata a uma vaga no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, trabalha com o anfitrião. A pedido da mãe do homenageado, diante da repercussão negativa do badalado regabofe, a festa foi cancelada, segundo os jornais deste sábado. Menos mal.

Mas não faltarão, certamente, outras festas do gênero, por mais que isso irrite ou agrade Barbosa, recentemente homenageado no Copacabana Palace pelos mesmos donos da mídia que publicam artigos de Marianna Fux e louvam seu pai, para congregar os comensais dos dois lados do balcão da Casa Grande, que podem perder as eleições e a vergonha, mas nunca perdem a pose nem o poder. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Este é o mundo deles, com ou sem perucas, e o resto que se dane, como costumam dizer, desde os tempos dos bailes da Ilha Fiscal.

Em tempo: já são mais de 17 horas do dia 15 de abril de 2013 e, como podemos notar olhando pela janela, nem o Brasil nem o mundo acabaram.

Qual será a próxima crise do fim do mundo?