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sábado, 19 de junho de 2010

Saramago, grandioso e humano

O que havia de mais extraordinário em Saramago era o seu comprometimento absoluto com o ser humano. Daí nascia a sua convicção comunista, daí nascia, também, sua negação da divindade. Um extraordinário humanista, sempre apoiando as causas que dizem respeito à dignidade humana, ao fim do sofrimento.
II
Poucas filosofias nasceram com a inspiração tão generosa, tão grandiosa, quanto o comunismo. Em pleno soterramento do homem pelas máquinas, na revolução industrial, surge um pensador para dizer que um dia tudo seria diferente, que aqueles que estavam sendo esmagados pelas máquinas um dia tomariam o poder e estabeleceriam a igualdade. Em meio àquela tortura impressionante, à exploração desmedida do ser humano, à exploração de crianças de quatro anos de idade, surge essa promessa, essa esperança. Grandioso e humano.
XI
É preciso que se diga, no entanto, que parte significativa das conquistas do povo brasileiro veio, sim, também a partir da luta dos comunistas, da permanente pressão que exerciam sobre o capitalismo que precisava, à época, demonstrar que era melhor do que a alternativa comunista. Hoje não há mais a ameaça de alternativa comunista, e essa ameaça faz falta. Desde a queda do muro de Berlim que toda a pressão mundial está em retirar direitos de trabalhadores e aposentados. O capitalismo não precisa mais provar que é melhor do que ninguém.
XII
Foi embora Saramago, comunista e ateu. Foi embora o nosso Prêmio Nobel da língua portuguesa. Quem perde é a humanidade, são os desvalidos, são todos aqueles que buscam um olhar de conforto, de incentivo, de compaixão pelo sofrimento humano. O mundo fica menos doce, menos generoso, menos fraterno.

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