Do Diário do Pará
Em Belém, a
Saúde vai mesmo de mal a pior. Sem leitos, sem médicos, sem
medicamentos, sem secretário, e de acordo com denúncia do Sindicato dos
Trabalhadores em Saúde Pública do Estado
do Pará (Sintesp), também sem ambulâncias em número mínimo. Carlos
Haroldo Júnior, o presidente da entidade, diz que a maioria dos
funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) apenas
cumpre horário, pois a maior parte dos veículos está parada no pátio por
falta de manutenção. Haroldo afirma que das 15 ambulâncias destinadas a
servir Belém, apenas sete o fazem, e somente quatro de fato circulam
pela cidade.
O titular do Sintesp diz que o total de carros
seria 22, sendo que, além dos 15, ainda haveria outras sete ambulâncias
em uma espécie de reserva técnica – que também estariam
impossibilitadas de trafegar. “A prefeitura não está pagando as empresas
que fazem a manutenção das ambulâncias. Estão indo para o terceiro mês
de inadimplência. Uma delas, a Mega Store, até continuou a fazer uma
coisa ou outra nos veículos, mas agora parou”, relata. A gerência de uma
das unidades da Mega Store, localizada na rua Domingos Marreiros, no
Umarizal, confirmou que há um contrato entre a empresa e a PMB, mas não
deu detalhes. O proprietário não foi encontrado para falar sobre o
assunto.
Haroldo explica que dos 15 veículos,
três deles, que funcionam como Unidade de Suporte Avançado (USA), servem
restritamente à Casa Civil, à Universidade Federal do Pará (UFPA) e à
própria sede do Samu. E dentre as 12 restantes, nada menos que oito
estão paradas. “Algumas estão retidas nas empresas
que fazem manutenção, por falta de pagamento”, revela. “E essas quatro
que saem às ruas são Unidades de Suporte Básico [USB], puramente de
emergência, para situações de traumas de rua e etc. Se precisar de uma
USA, que serve como UTI, não tem”.
O Sindicato deu à prefeitura até o final de
agosto para que a mesma se manifestasse. Solicitou audiência com o
prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) e não teve respostas até agora. Por
isso, a categoria, que abraça, além do Samu, os trabalhadores das casas
mentais, realizará assembleia na próxima semana para discutir indicativo
de greve. “Nossos plantões às vezes são de 12 horas e ficamos sem fazer
nada. É um transtorno. A população nos paga e a gente não trabalha
porque não tem como. Os agentes de Combate a Endemias [ACEs] e agentes
Comunitários de Saúde [ACSs] não ganham adicional de insalubridade,
ticket alimentação e sequer material de expediente para trabalhar. Vão
grevar na próxima quarta, dia 11, com primeira manifestação marcada para
as 8h, em frente ao Ministério Público do Trabalho”, anuncia.
No geral, a situação é tão caótica que o
fato de a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) estar sem secretário há
exatos dez dias parece nem fazer tanta diferença assim no dia a dia. “Na
última reunião que fizemos, com o ex-secretário [Yuji Ikuta], ele não
falou quase nada. Zenaldo era quem respondia tudo, porque ele sempre
puxa toda a responsabilidade pra ele. E sem dar poder aos secretários,
eles não têm como trabalhar”, analisa Haroldo.
As ambulâncias da marca Fiat modelo Fiorino
que servem os postos de saúde da capital também podem estar em situação
complicada. O contrato de locação dos veículos, 15 no total, segundo a
locadora Norauto Veículos, venceu no dia 5 de agosto e os carros ainda
não foram devolvidos. “Não fomos procurados nem tivemos respostas dos
contatos que fizemos via ofício e e-mails para devolução do que foi
alugado. A empresa vai entrar com ação judicial de busca e apreensão dos
carros”, confirma Érika Alves, gerente da empresa.
RESPOSTA
RESPOSTA
Em nota, a Assessoria de Comunicação da
Sesma informou dispor de 16 ambulâncias, conforme prevê o Ministério da
Saúde (MS), sendo 12 USB e quatro USA, e confirmou ter apenas oito delas
em funcionamento para toda a Belém e distritos – cinco USB e três USA. A
Sesma negou a existência de uma reserva técnica, mas confirmou que
recebeu sete veículos em 2013 para substituir outros que “estavam sem
condições de operação”, e que alguns dos antigos carros “permanecem no
pátio para eventualidades”.
Em relação ao pagamento da empresa
Mega Store, diz que o processo se encontra sob análise dos Departamentos
de Administração e Jurídico da secretaria. Sobre as três ambulâncias
servindo à UFPA, Casa Civil e sede do Samu, a Assessoria diz que “são
acionadas pela Central de Regulação e se deslocam para os locais
demandantes de forma mais rápida possível”, e que “que não existem veículos servindo somente a uma localidade específica”.
Em relação às ambulâncias Fiorino, a Sesma
menciona 12 veículos, e não 15, e não cita o nome “Norauto”, e sim “Rent
a Car”, mas assume que o contrato com a empresa terminou em agosto e
que não recebeu nenhum comunicado oficial solicitando a devolução das
cinco ambulâncias que estão na secretaria – as outras sete foram retidas
para manutenção antes do término do contrato.
Sobre a previsão de nomeação de um novo titular para a Sesma, a Assessoria de Comunicação não se manifestou.
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