Do Brasil 247
Ao lançar uma agenda com 12 pontos para o Brasil, ontem, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), surpreendeu ao defender o programa Mais Médicos, que, antes de ser implantado, provocou grande polêmica nos meios de comunicação, mas, hoje, conta com larga aprovação popular.
“Claro que vamos permitir a permanência dos médicos. Queremos médicos se não tivermos médicos suficientes, mas receberão aqui os 10 mil reais", disse o senador, referindo-se ao modelo de remuneração atual, em que os recursos são repassados pelo governo brasileiro a Havana e, depois, pagos aos médicos. "Não financiaremos uma ditadura através de um projeto de saúde”, disse Aécio, no momento em que foi mais aplaudido por seus aliados.
O problema é que a proposta tornaria o Mais Médicos praticamente inviável, uma vez que o sistema cubano não permite que os médicos exportados sejam remunerados diretamente por quem os contrata. Quem explica é o jornalista Hélio Doyle, especialista no tema e em questões ligadas a Cuba:
"Cuba é um país socialista e por isso, gostemos ou não, as coisas não funcionam exatamente como em um país capitalista. Como é um país socialista, há a preocupação de manter baixos os índices de desigualdade econômica e social. Por isso nenhuma empresa ou governo estrangeiro contrata trabalhadores cubanos diretamente, em Cuba ou no exterior (nesse caso quando a contratação é resultado de um acordo entre estados). Todos são contratados por empresas estatais que recebem do contratante estrangeiro e pagam os salários aos trabalhadores, sem grande discrepância em relação ao que recebem os que trabalham em empresas ou organismos cubanos. Os médicos que trabalham no exterior recebem mais do que os que trabalham em Cuba. Mas algo como nem muito que seja um desincentivo aos que ficam, nem tão pouco que não incentive os que saem.
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