O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) reagiu, nessa terça-feira (04), à tentativa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, de relacionar o Partido dos Trabalhadores a atividades criminosas, contrariando, mais uma vez, a postura de sobriedade e isenção que devem ter ministros da mais alta Corte de Justiça do País. Pior de tudo é o prejulgamento de um funcionário do Estado, cuja manifestação deve se dar nos autos processuais – e não por intermédio da mídia. Respondendo à suspeita levantada pelo ministro – de que as doações aos dirigentes petistas presos, em função do controverso processo do chamado “mensalão”, são irregulares e podem estar implicadas com o crime de lavagem de dinheiro -, Suplicy disse: “Eu desafio o ministro Gilmar Mendes a mostrar onde é que existe lei que proíba isso. Acho que ele não conhece a lei brasileira”.
Essas campanhas, registre-se, tiveram origem no apelo da família do ex-deputado federal José Genoino, que não tinha como pagar a multa estabelecida no processo, no valor de R$ 667,5 mil. Com o êxito da campanha, que mobilizou a militância petista – e até mesmo não petistas, como o ex-colega de Gilmar Mendes no Supremo, o ex-ministro Nelson Jobim – outros condenados ao pagamentos das multas criaram suas campanhas, como o ex-diretor financeiro do PT, Delúbio Soares, e o ex-ministro José Dirceu. As doações para Delúbio Soares também alcançaram o valor da multa exigida, de R$ 466,8 mil, inspirando o ex-ministro José Dirceu a seguir o mesmo caminho.
Na próxima segunda-feira, 10/02, a propósito haverá um evento no restaurante El Negro, em Brasília, para coleta de fundos para Dirceu.
O senador Suplicy afirma que foi um dos doadores e que considera um direito de cada cidadão participar de uma causa que acredita. “Eu fui uma das pessoas que contribuiu. É mais do que legítimo que os cidadãos possam contribuir para algo que consideram adequado”, afirmou.
Suspeitas de Gilmar Mendes
Não é a primeira vez que Gilmar Mendes contraria a sobriedade que deve ter um ministro do Supremo.
Em 2008, com o apoio do ex-senador Demóstenes Torres, já ligado, na época, à rede de espionagem criada pelo bicheiro Carlos Cachoeira em Brasília, ocupou as páginas da revista Veja para denunciar que estava sendo alvo de espionagem do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jamais apresentou provas para a acusação, assim como seu interlocutor, o mesmo Demóstenes Torres, então um símbolo de probidade para a mesma revista.
As ilações de Gilmar Mendes contra as doações fazem parte de uma entrevista por ele concedida, no início da sessão da Segunda Turma do STF. O ministro considerou “muito esquisito” o fato de os condenados terem conseguido arrecadar rapidamente os valores. “Essa dinheirama, será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar”, questionou.
Para Mendes, o Ministério Público deve investigar também a origem dos recursos que foram doados. “Agora, vem essa massa de dinheiro. Será que vão também fazer uma arrecadação para devolver todo o dinheiro que foi desviado? Tudo estranho. Agora, é interessante que todos nós estamos noticiando isso como se fosse só um fato corriqueiro. Não, não é um fato corriqueiro, há algo de grave nisso. E precisa ser investigado", disse.
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