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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Quanto mais "Mariels", melhor para o Brasil

Por Marcelo Odebrecht, na Folha

Em 2013, a Odebrecht Infraestrutura faturou US$ 8 bilhões no exterior. Pena que apenas 12,5% vieram de projetos financiados pelos "créditos sigilosos" do BNDES. Com mais financiamentos, muito mais riqueza teria sido gerada no Brasil.

Aprendi com meu avô que o maior desperdício humano é muita eficiência para pouca eficácia. A recente inauguração do porto de Mariel, em Cuba, motivou um eficiente ataque ao governo na mídia. Mas essa é a batalha errada.

Quando temos como propósito mostrar quem --em especial, o governo-- está errado, deixamos de focar o que está certo e o que precisa ser aprimorado.

O BNDES não investiu em Mariel. O BNDES financiou as exportações de cerca de 400 empresas brasileiras, lideradas pela Odebrecht, no valor equivalente a 70% do projeto. Se o porto será de grande importância para o socialismo cubano, foi o capitalismo brasileiro que mais ganhou até agora.

País que não exporta não cresce, não adquire divisas e não se insere na economia internacional. A exportação de serviços suporta hoje 1,7 milhão de postos de trabalho no Brasil, na interação com vários setores produtivos. Promove a inovação e estimula a capacitação de mão de obra altamente especializada.

Entretanto, lemos e ouvimos que o financiamento brasileiro gera empregos no exterior; que os contratos são sigilosos, talvez para encobrir negócios escusos; que drena recursos da nossa infraestrutura; e que o TCU (Tribunal de Contas da União) não fiscaliza.

Nada disso é verdade.

Primeiro: o financiamento à exportação gera empregos no Brasil, porque não há remessa de dinheiro para o exterior. Os recursos são desembolsados aqui, em reais, para a aquisição de 85% dos bens e serviços produzidos e prestados por trabalhadores brasileiros (os demais 15% são pagos à vista pelo importador).

Segundo: informações como o valor, destino e objeto do financiamento sempre foram públicas, como pudemos ouvir e ler em todos os meios que trataram de Mariel. As únicas informações que não são públicas são as usuais das operações bancárias, como o valor do seguro, eventuais contragarantias e as taxas que compõem a operação.

Nos financiamentos feitos pelos chineses, alemães, americanos, enfim, por todos os países, essas informações também são confidenciais. Não foram o Brasil e Cuba que inventaram essa regra.

Terceiro: os recursos que financiam exportações não concorrem com os destinados a projetos no Brasil e são providos por fontes diferentes. Os números falam por si: em 2012, o BNDES destinou cerca de US$ 7 bilhões para apoiar o comércio exterior e US$ 173 bilhões para o mercado interno.

O porto de Cuba não impediu a construção de nenhum projeto no Brasil. Aliás, até ajudou.

Por meio da exportação de serviços, como a de Mariel, a Odebrecht se capacita e gera resultados que aplica aqui, como fez no terminal de contêineres da Embraport, em Santos. É o maior do Brasil e foi construído pela Odebrecht, simultaneamente a Mariel, com investimento próprio de R$ 1,8 bilhão.

Quanto ao TCU, ele fiscaliza, sim, certificando se são nacionais os bens e serviços exportados.

Finalmente, para quem está questionando os riscos quanto ao pagamento, é importante saber que a ocorrência de calotes não está relacionada a alinhamentos ideológicos: os maiores "defaults" recentemente enfrentados pelo Brasil vieram dos Estados Unidos e do Chile.

Pensando como pai, esse episódio me lembra daqueles que criticam a boa nota que o filho tirou em matemática, porque o garoto está indo mal em português. Pensando como brasileiro, proponho a identificação e o debate de nossos reais desafios e a escolha das batalhas certas para colocar nossas energias.

2 comentários:

garcia disse...

Senhora Ana Julia,

Mariel, como a senhora postou, não impede o povo brasileiro de entender as razões pelas quais, nossos portos deixam de receber os investimentos que são necessários para acabarmos com os gargalos que tantos prejuízos causam para as nossas exportações. Senão, como justificar as filas enormes de caminhões que se dirigem com soja para os portos de Paranaguá e Santos? Além da verdade que os custos das operações portuárias no Brasil, são tão elevados, que desestimulam as medidas necessárias para resolvermos, com investimentos, os problemas que nos atuais portos são verificados.
Mariel recebeu investimentos. Vamos investir quando nos portos brasileiros? Isso é o que o povo precisa compreender. O que está faltando?
Agenor Garcia
Jornalista.

Anônimo disse...

Senhora Ana Julia,

Tá esplicado porque a senhora não foi uma boa governadora.

Asenhora não consegue separar alho de bugalho!
Como vem justificar que foi um bom negocio pro Brasil financiar o porto de cuba? Porque o PT não financiou com os recursos dele???

Porque a Russia, Coreia do Norte e outros paises não financial cuba?

O projeto é tão descabido que nem a Venezuela quis financiar !!!

O PT vai pagar caro por financiar o porto de cuba e deixar os portos do Brasil todos quebrados, porque os votos que o PT quer pta ficar no poder ele pede é aqui e não em Cuba.
A senhora sabe de cadeira que quando o politico erra feio, perde a eleição, não sabe?