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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Pará vai mesmo jogar fora R$ 7,5 mi de terminal

Faltou o jornal citar a fonte de algumas das informações sobre o terminal abandonado: este blog aqui. Sempre lutamos contra o abandono do terminal, um verdadeiro crime contra o erário. E o Ministério Público Federal engoliu a desculpa esfarrapada de "outro uso para o espaço" e o resultado aí está: um terminal 3 vezes mais caro...

Do Diário do Pará

“Essa não é uma obra do governador ou do governo do Estado, mas de todo o povo do Pará”. A fala, reproduzida em texto pela agência de notícias de Simão Jatene (PSDB), teria sido dita por ele mesmo ontem à tarde, durante visita técnica ao novo Terminal Hidroviário de Belém, localizado no galpão 9 da Companhia das Docas do Pará, no bairro da Campina - a ser inaugurado no fim do mês de março após um investimento de cerca de R$ 19 milhões.

A frase, porém, mostra bem como o chefe do Poder Executivo tem dois pesos e duas medidas na hora de proferir uma declaração desse tipo. Se o tucano resolveu assumir todos os créditos por uma obra do governo passado, o da petista Ana Júlia Carepa, encerrado em 31 de dezembro de 2010, como foi o caso da nova Santa Casa -, repassada à nova gestão na sexta laje e pouco distante da conclusão, mas entregue à população só no fim de 2013-, o mesmo não aconteceu com o Terminal Hidroviário de Belém Luiz Rebelo, na rodovia Arthur Bernardes.

A petista fez a inauguração simbólica do terminal em seu último dia como governadora, e de lá para cá, o abandono total do local por parte do governo Jatene mostra que esse evento, há mais de três anos, foi a única coisa que aconteceu por ali.

Por escolha do governador, nenhum belenense teve a oportunidade de embarcar ou desembarcar por aquele porto de lá para cá. A alegação usada de que o terminal Luiz Rebelo foi construído em área imprópria para ser usado como porto de passageiros não colou. Foi contestada em diversos níveis, por Caixa Econômica Federal, Marinha do Brasil e pela própria Secretaria de Estado de Meio Ambiente: todos aprovaram o terminal sem obstáculos ao funcionamento.



ABANDONADO

O projeto do Terminal Hidroviário de Belém Luiz Rebelo demandou aos cofres estaduais e federais cerca de R$ 7,5 milhões. Na época de sua inauguração, contava com banheiros, banheiros acessíveis, fraldários, terminal de embarque, informações, passarela de embarque e desembarque e guichês de atendimento, dentre outros aparelhos e instalações, como foi atestado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2012, ao ajuizar Ação Civil Pública contra o Governo do Estado pelo abandono do local, que se deteriorou diante da falta de manutenção.

Da administração estadual, o MPF ouviu uma história de que ali viraria um centro de reabilitação para pessoas com deficiência, que veio até mesmo acompanhada de projeto inicial e um documento de licitação. E parou por ali mesmo.

Mas, como se nada disso houvera, e como se construir um terminal hidroviário fosse o equivalente à descoberta da roda - em uma cidade onde o poeta chegou bem à frente do engenheiro ao concluir que seus rios são ruas -, lá foi ontem Jatene, acompanhado de seus secretários, super secretários, parlamentares e companhia, ser “recebido com carinho” à visita do “mais moderno terminal hidroviário do país”.

Como se todo o garbo da tal visita técnica fosse capaz de passar por cima do fato de que os ribeirinhos - a quem o governador se referiu por “essa gente fantástica que, normalmente, não consegue ter acesso a serviços dessa qualidade”, no texto da mesma agência de notícias, estão há mais de três anos sem poder usufruir da fantástica possibilidade de se ter mais uma opção de ir e vir. O presidente da Assembleia Legislativa, Márcio Miranda (DEM), chamou a ‘iniciativa’ do governador de “revolução”.

O orgulho ao anunciar que 60 mil pessoas devem frequentar o terminal mensalmente, ali mesmo, antes de ver a obra pronta, já deu a entender que a conta final não deve ficar nos R$ 19 milhões. “A capacidade do terminal pode e deve ser ampliada para muito mais que isso”, adiantou Jatene na visita.

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