Neste
fim de semana, a revista Veja chega às bancas com uma série
de reportagens sobre a liberdade de imprensa e a suposta tentativa da
CPI do Cachoeira de desmoralizar o jornalismo investigativo. Pela
primeira vez, o diretor da publicação, Eurípedes Alcântara, citou
o nome do redator-chefe Policarpo Jr., interlocutor frequente de
Cachoeira, e saiu em sua defesa.
Numa
das reportagens da série, chamada “Falcão e os insetos”, Veja
fala sobre os três momentos em que milhares de internautas
colocaram a revista como um dos assuntos mais comentados do mundo, no
Twitter, de forma pejorativa. Isso aconteceu com as hashtags
#VejaBandida, #VejaGolpista e #VejaPodreNoAr. Agora, neste sábado,
acontece pela quarta vez, com #VejaComMEDO.
De
acordo a Editora Abril, de Roberto Civita, Veja não vem
sofrendo uma crise de imagem, nem uma corrosão do seu patrimônio
duramente construído ao longo das últimas quatro décadas. Os
protestos no Twitter seriam fruto apenas da ação de “robôs”,
“insetos” e “petistas amestrados”, que seriam liderados pelo
presidente do PT, Rui Falcão. Curiosamente um jornalista que
comandou e ajudou a implantar um dos maiores sucessos da Editora
Abril: a revista Exame, de economia e negócios.
Fraudes
no Twitter
De
acordo com Veja, diversas regras do Twitter teriam sido
violadas nos tuitaços contra a revista. Robôs teriam sido
programados para enviar tweets automáticos. No caso dos verdadeiros,
eles teriam sido enviados por aquilo que a revista define como
“insetos” ou “petistas amestrados”, comandados por Falcão,
que teria criado, no PT, num núcleo chamado MAVs – “Militância
em Ambientes Virtuais”.
Curiosamente, no dia em que um dos tuitaços contra Veja alcançou o Trending Topics (lista de assuntos mais comentados no Twitter), houve também um tuitaço organizado por leitores e defensores da revista chamado #VejaNelles. Neste caso, diversos internautas levantaram dados apontando também o uso de robôs.
O
discurso da tolerância
Em
sua reportagem, Veja também pregou um discurso da tolerância
na mídia e mandou um recado aos que alguns, dentro da Editora Abril,
consideram ser seus adversários na batalha da comunicação. Eis o
que diz o texto:
“A
internet aceita tudo. Chantagistas contrariados fazem circular fotos
de atrizes nuas (vide o caso Carolina Dieckmann), revelam
características físicas definidoras (“minocartaalturareal1m59cm”),
apelidam sites com artigos do Código Penal (“171”, estelionato)
e referenciam-se em doenças venéreas – por exemplo, na sífilis
(grave doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum –
para formar sufixos de nomes (...) Cidadãos que se sintam atingidos
por epítetos como esses acima, que vagam pela internet, infelizmente
não têm a quem recorrer.”
Veja
fez uma referência à CartaCapital, de Mino Carta
(1m59cm), ao 247 (171), e ao blogueiro Luis Nassif (Nassífilis),
colocando todos que “infelizmente não têm a quem recorrer” como
vítimas de “chantagistas contrariados”. Em relação ao 247,
Veja afirmou ainda que, enquanto não houver uma governança
sobre a internet, predominará a “indecência” e empreendedores
terão suas iniciativas associadas a artigos do Código Penal.
Na
parte que nos toca, também lamentamos a “indecência” e somos
gratos pelo reconhecimento dos erros cometidos pela Abril nos últimos
anos. Afinal, alguns dos principais cheer leaders dos ataques
a jornalistas têm sido figuras da própria Abril, como Diogo
Mainardi, Mario Sabino e, sobretudo, Reinaldo Azevedo.
Será
que o recado será compreendido internamente?
Um comentário:
A etica do jornalismo da abril,virou espionagem pura arapongagem.......
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