Tudo aconteceu após uma passagem do repórter pela cidade de Santarém. Depois de algumas horas em uma lan house, Brasiliense teria deixado seu email aberto. Não suspeitava que o usuário seguinte, ao se deparar com o conteúdo explosivo das mensagens trocadas entre o escriba e o marketeiro oficial, Orly Bezerra, faria prints das mensagens e divulgaria na internet. O conteúdo foi parar nas mãos do blogueiro Paulo Leandro Leal, do blog VioNorte, que disparou a postagem “BASTIDORES DO PODER: A relação nada republicana entre o Governo do Pará, o jornalista Ronaldo Brasiliense, o marqueteiro do governo e o jornal O Liberal”.
Na postagem Leal revela: mensalmente Brasiliense recebe 70 mil reais para publicar ataques contra os opositores do Jatene no panfleto O Paraense, que dirige. E mais: o conteúdo da coluna Por Dentro, publicada a cada domingo no jornal O Liberal, é previamente autorizado por Orly. As suspeitas dessa relação nada republicana eram conhecidas de todos, mas jamais foram confirmadas. Agora tudo fica claro.
Numa das mensagens vazadas, Brasiliense pede licença a Orly para atacar o companheiro Paulo Rocha, candidato ao senado pelo meu partido, o PT. No dia 1º de abril, Brasiliense envia uma mensagem a Orly, com o seguinte conteúdo:
- Orly, caro.
- Dá uma olhada ai e comenta.
- É o abre da minha coluna de domingo.
- Abraços. Ronaldo.
Na sequência, o conteúdo de uma matéria sobre a candidatura de Paulo Rocha, intitulada “Paulo Rocha pode estar inelegível”. Em resposta ao e-mail, Orly responde:
- Acho que a sua análise ta correta.
Brasiliense, tal qual um juiz eleitoral, tem anunciado constantemente a inelegibilidade dos opositores de Jatene, inclusive a minha. Numa mistura de juridiquês e malabarismo político, Brasiliense, semana sim, semana não, tenta provar que ninguém poderá sair candidato. Tudo articulado com Orly.
As mensagens revelam ainda que a Agência Pará de Notícias, órgão oficial de informação do governo estadual, se tornou uma braço armado da campanha à reeleição dos tucanos. Outro blogueiro do oeste do Pará, Alaílson Muniz, contratado como correspondente pela Secom, pede a ele que envie uma matéria ofensiva a Jader para ser publicada em sua página.
A repercussão do escândalo é grande na internet e nas redes sociais. Nos blogs do deputado Parsifal Pontes e no próprio VioNorte, comentarista que se identifica como sendo o próprio Brasiliense ameaça quem divulgar as mensagens com processos judiciais. Contudo, o comentarista não nega o conteúdo das mensagens.
Com essas revelações, a lisura da comunicação oficial está posta em xeque. Quantos outros blogueiros e jornalistas recebem mimos da comunicação oficial para assumir um lado na disputa política? Jatene, que veste a máscara de democrata dia e noite, até agora não se pronunciou, nem seu secretário de comunicação. Como reagirá? Vai esconder o escândalo mais uma vez, ou afastará essa figura pusilânime de seu governo? Com a palavra o tucano.
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