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sexta-feira, 7 de março de 2014

8 de março: lutar contra a opressão de gênero e mudar a vida das mulheres

Di Cavalcante - Mulheres Protestando (óleo sobre tela - 1941)
Falar sobre o dia da mulher, sobre o papel de mulher na sociedade, em especial em um país como o nosso, que convive com o preconceito, muitas vezes velado, outra vezes praticado abertamente, pode parecer lugar comum, mas não é. Para quem pratica o preconceito, ele naturalmente não existe. Para quem o sofre, suas marcas são profundas e, em muitos casos, tiram a vontade de lutar e viver.

Digo isto de cadeira: na minha vida pública sofri e sofro o preconceito na pele. Desde o início da militância estudantil, popular e sindical, envolvida na organização das mulheres, convivi com adjetivos pouco saudáveis. Não ouso publicá-los aqui para não ofender o leitor. Mas se as recebia, as injúrias, foi por ousar ter a coragem de ocupar um lugar que para muitos é destinado aos homens: o de protagonista nos processos políticos.

Desde vereadora por Belém, no início da década de 90, até a Câmara Federal e o Senado da República, convivi com as ofensas do tipo: “o que esta mulher quer?”, “lugar de mulher é cozinha”, “sapatão”, “prostituta”, “alcoólatra”, etc. Muitas vezes, às escondidas, outras vezes mesmo na tribuna destas casas. Preconceitos estes que aumentaram quando assumi o Governo do Estado e que muitas e muitas vezes foram repetidos por outras mulheres.

Porém, longe de tirar minha vontade de seguir lutando, estes ataques fortaleceram a disposição para mudar a realidade das mulheres. Assim o fizemos durante meu governo: criamos políticas públicas importantes, como o Centro Maria do Pará (para atender mulheres vítimas da violência), implantamos o Núcleo de Atendimento Especializado à Mulher (NAEM) na Defensoria Pública do Estado, criamos espaços adequados para a  mulheres no sistema prisional, implantamos a Política Estadual de Assistência Integral à Saúde da Mulher, através do reforço à atenção básica no municípios e a descentralização de serviços de média complexidade, como as UCI's neonatais para nossas crianças, além, é claro, da Nova Santa Casa.

Vejo mesma disposição na presidenta Dilma, que tem valorizado a mulher em suas políticas de governo: 72% das propriedades da reforma agrária registradas no nome da mulher; 93% dos cartões do Programa Bolsa Família estão no nome das mulheres; no Programa Minha Casa, Minha Vida, a mulher tem prioridade no registro do imóvel, com 52% do total de 1,5 milhão de casas entregues no nome delas. As mulheres também são maioria no acesso às bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni), que garante acesso às faculdades privadas e ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e nos cursos de qualificação profissional que o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) oferece. Seis em cada dez alunos do Pronatec são mulheres.

São mudanças reais promovidas por mulheres que lutaram contra toda a violência de gênero que permeia nossa sociedade. Mudanças que colocam as mulheres de hoje em dia em condições muito superiores ás mulheres de uma geração atrás, da minha geração. São um sinal de que aquilo por que lutamos valeu a pena e está se transformando em realidade. E mostra que as mulheres que lutam podem sim mudar a face da sociedade, tornando-a mais humana, mais mulher.

Feliz Dia Internacional das Mulheres.

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